terça-feira, 27 de dezembro de 2016

As 12 melhores séries de 2016

Aqui deixo, e seguir-se-ão outras listas, para mim as 12 melhores séries que estiveram no ar em 2016

- Young Pope

- Westworld

- Narcos (2a temporada)

- Guerra dos Tronos (6a temp.)


- Black Mirror (3a temp.)


- Billions


- The Crown


- Mr. Robot (2a temp.)


- House of Cards (4a temp.)


- The Night Of


- The Affair (3a temp.)


- Stranger Things

segunda-feira, 26 de dezembro de 2016

O mundo não pode acordar com medo

O meu artigo publicado no ECO e que pode ler aqui.

segunda-feira, 19 de dezembro de 2016

terça-feira, 13 de dezembro de 2016

A raiva contra jornalistas e comentadores

O meu artigo no ECO, pode ler aqui

quarta-feira, 7 de dezembro de 2016

I, Daniel Blake

Uma mulher que come uma maçã para disfarçar a fome porque o pouco que tem é para pôr no prato dos filhos. Um homem idoso mas honesto que quer trabalhar e o Estado bloqueia por todos os meios.

As pessoas não são números nem pontos no computador. São gente. O mundo promove o sucesso, a abundância, mas a grande realidade é a dos esquecidos, dos que vivem com dificuldades.

Ver um homem com 80 anos fazer um filme genial, com toda a sensibilidade em cada "frame" que é um autêntico murro no estômago para muitas consciências é de uma pessoa passar a sentir o mundo de outra maneira. Vejam o "I, Daniel Blake" do Ken Loach, um dos filmes do ano. Fabuloso, tocante.

domingo, 4 de dezembro de 2016

Um ano de Governo e da geringonça PSD

O meu artigo no Eco que pode ler aqui.

sexta-feira, 25 de novembro de 2016

Cristiano Ronaldo não é deste planeta

O meu artigo desta semana no ECO.

segunda-feira, 21 de novembro de 2016

Sugestões para a semana

Livros

"Washington D.C.", Gore Vidal, Casa das Letras,  406 páginas. Decidi, no momento em que se continua a debater a América, sugerir-lhes um clássico de um dos grandes intelectuais "liberais" americanos, Gore Vidal. Está lá tudo sobre o pântano que é a capital dos EUA. Não é uma nova edição, é uma revisitação que aconselho a quem nunca o leu.

"As Ilhas Gregas", Lawrence Durrell, Relógio d`Agua, 327 pág. Para quem conhece, como eu, várias delas é mais um olhar sobre a sua história, os seus mitos, as suas paisagens, o Mar Egeu com aquele azul como não há noutro lugar do mundo. Para quem não conhece, deixe-se levar e sonhe, que às vezes também é muito bom sonhar bem.

"Polícia", Jo Nesbo, D. Quixote, 583 pág. Do já mítico policial nórdico, que se tornou um estilo de «per si», para mim, o norueguês é neste momento o melhor. Já li os 10 livros dele editados em Portugal e este volume volta a ser de eleição. Para quem gosta de policiais, não conhecer o seu personagem Harry Hole é um crime.

Cinema

Em casa, deixo o convite para entrarem num dos mais curiosos exercícios do ano passado. "Coração de Cão", da Laurie Anderson, com fotografia, música, a decorarem os seus pensamentos sobre o amor e a morte, depois da morte da sua mãe e do seu companheiro, Lou Reed. É de uma sensibilidade, de um bom gosto que faz bem à alma. TVC2, terça, 22h.
Em sala, vi o excepcional "Ela", de Paul Verhoeven, com a superlativa Isabelle Huppert em mais um recital e recomendo também o muito bom "O Primeiro Encontro", de Dennis Villeneuve, do qual podem ver também nos TVCines o muito interessante "Sicário", realizado por ele no ano passado.

Séries

Eu ando vidrado no "The Young Pope", do Paolo Sorrentino. Volto a recomendar uma das melhores séries do ano, dá TVSéries, domingos 23h.

Documentário

Para quem tem Vodafone tem agora na posição 137 um canal chamado Docubox em HD. Há natureza, gastronomia, viagens, mas também Mao, Sarkozy, Berlusconi. Vi vários documentários neste fim-de-semana. Dêem uma vista de olhos que não perdem tempo

Restaurante

Não é barato, mas tem óptimo ambiente, cozinha boa e serviço simpático. "Duplex" no Cais do Sodré. jantei lá no sábado e gostei.  

Um mundo de Pinóquios

Eu sugeria que as sondagens políticas se passassem a chamar análises Pinóquio. Porque não acertam uma. Agora foi em França nas primárias do centro-direita.

Os senhores que as fazem erram quase sempre em todo o mundo. São incompetentes ou mal formados e pretendem enganar as pessoas. E pedia às pessoas, para não se deixarem enganar, que não acreditem em nenhuma sondagem.

É todo o mundo com poder a querer enganar o povo: políticos, técnicos de sondagens, comentadores sem talento; comentadores das suas negociatas como Marques Mendes e outros. O povo está farto de Pinóquios. Mas eles ainda não perceberam isto.

sexta-feira, 18 de novembro de 2016

As empresas não são nossas amigas

Sobre como a relação entre empresas e marcas tem de melhorar com consumidores e clientes. O meu artigo desta semana no ECO que pode ler aqui.

quarta-feira, 16 de novembro de 2016

Atenção srs. jornalistas

Há três dias que qualquer pessoa racional e de bom senso, mesmo sem estar interessada no assunto como é o meu caso, está a ser bombardeada com imagens de um túnel.

Queria perguntar quanto tempo, e com que empenhamento, as nossas televisões e a nossa imprensa dedicaram a Zeinal Bava que matou a maior empresa portuguesa; aos corruptos do BPN quantas imagens em câmara lenta mostraram dos seus focinhos responsáveis pela austeridade que nos impuseram para pagar as suas vigarices; quantas horas deram para investigação de outros tantos casos que minaram a confiança dos portugueses nos políticos, na justiça e numa série de empresários que ganharam gamando o Estado.

Quantas horas meus senhores? Mas que País querem construir? É hora do jornalismo português parar para pensar.

sexta-feira, 11 de novembro de 2016

O que importa da Web Summit

Terminou a Web Summit e vamos ao que importa, com clareza e sem o espectáculo de deslumbramento saloio que os media portugueses deram todos os dias.


1- A WS é importante e bem vinda porque em termos imediatos tem um impacto positivo para a economia portuguesa com o consumo que 50 mil pessoas nos trouxe;


2- eu gostava que se fizesse jornalismo para sabermos o que interessa:
- quantos milhões serão investidos pelos ditos mega-empresários que cá vieram nas start-up portuguesas?
- quantos empregos foram criados na sequência da WS para a economia nacional?
-quantas marcas portuguesas foram promovidas e ganharam outro alento em termos internacionais?
-qual o investimento estrangeiro captado para ser aplicado em Lisboa e Portugal?


3- se o jornalismo cai na idiotice de vir dizer que foram consumidos 97 mil pastéis de nata e 22 mil preservativos durante o evento, isso é estar a matar mais um elefante em África e todos queremos salvar os elefantes. Isso não é jornalismo, é uma porcaria qualquer que mata a credibilidade do jornalismo.


4- espero que Fernando Medina tenha contratado para a Câmara Municipal de Lisboa uma start-up de inglês e outra start-up de comunicação, porque isto de pôr uma criança de 5 anos - não sabia que havia assessores tão novos - a escrever um outdoor para se colar ao politicamente correcto do anti-Trump é ridículo.


5- melhorem a organização e os transportes. E arranjem o Wi-Fi no MEO Arena ou a WS será uma anedota para os que cá vêem.

quinta-feira, 10 de novembro de 2016

Make Portugal Great Again

O meu artigo de hoje no ECO. Sobre Trump, o mundo e Portugal.

terça-feira, 8 de novembro de 2016

"The Young Pope"

Vi a estreia de "The Young Pope". Adorei e deixo umas notas: 1- sou um crente em Paolo Sorrentino, o seu criador. Quem ainda não viu "A Grande Beleza", "Consequências do Amor", "Il Divo", não sabe o que perdeu e devia ver a sua genialidade; 2- a história é do primeiro Papa americano, Pio XIII, no meio dos poderes e hábitos do Vaticano; 3- o elenco é de luxo. Jude Law, Diane Keaton, Javier Camara (grande actor espanhol, que passou por Pedro Almodovar), Silvio Orlando (o "Caimã...o", de Nanni Moretti). 4- a abertura é genial e disruptiva, os planos são fabulosos, a banda sonora é sublime na sua discrição com classe; 5- diálogos são superlativos. Deixo um:
Padre- "Quem sabe onde Ele está?"
Papa- "Além, na Ursa Maior. É onde fica a Casa de Deus"
Padre - "A Casa de Deus. E como é?"
Papa- "é um meio duplex, com piscina privada"
Uma das séries de 2016

sexta-feira, 4 de novembro de 2016

Hillary e Trump no Planeta dos Macacos

O meu artigo no ECO desta semana é sobre a América. Pode ler aqui.

quarta-feira, 2 de novembro de 2016

A verdade sobre os ditos "especialistas"

«Quando o público lê não sabe quem está por trás dos especialistas. Se acrescentarmos ao nome um curso universitário, um currículo que soe bem, acreditam realmente que quem dá a opinião é uma pessoa decente. Às vezes isso não acontece. Sempre se pode encontrar quem defenda os nossos interesses, sobretudo quando há tanto dinheiro no meio».

Julia Navarro, "História de um Canalha", Bertrand Editora

terça-feira, 1 de novembro de 2016

Sugestões para a semana

Livros

"O Túnel de Pombos", John Le Carré, D. Quixote, 380 páginas. Apontamentos da memória do criador de Smiley que há muito já ultrapassou o epíteto de escritor de livros de espionagem. É mesmo um grande escritor.

"História de um Canalha", Julia Navarro, Bertrand editora, 812 pág. Recomendo-vos hoje os dois livros que estou a ler com muito gosto. O de Le Carré acabei de ler de manhã, este tem um título perfeito porque a personagem principal é um canalha, que é um consultor de comunicação capaz de tudo. Para quem trabalha e acompanha temas de comunicação tem partes muito interessantes.

Cinema

Em casa, "A Juventude", de Paolo Sorrentino, sem o brilhantismo de "Consequências do Amor", "Il Divo" e "A Grande Beleza, quarta, 22h TVC2, mas a ver.
Na RTP2, sexta, 23h, "Climas" do mestre turco Nuri Bilge Ceylan, e espero que o ciclo continue com os magistrais "Sono de Inverno" e "Era uma Vez na Anatólia".
Em sala recomendo na sexta, 21.30h, na Cinemateca o genial "Wild River" (Quando o Rio se Enfurece), de Elia Kazan.

Séries

Esta semana duas estreias pelas quais tenho muita expectativa. No Netflix, sexta, "The Crown", criada pelo brilhante argumentista Peter Morgan; e no TVCS, domingo, 23h, "Young Pope". O Vaticano liderado por Jude Law numa série de Paolo Sorrentino.

Documentários

Chamo a atenção pela excelente qualidade geral dos documentários que a RTP3 tem apresentado às 20h. Destaco na quinta, uma batida pelas florestas do Cambodja, de onde saem muitas plantas que são base de remédios que muitas pessoas consomem
Na sexta, no Odisseia, a partir das 19h, vários sobre Hillary Clinton, Donald Trump e Barack Obama.

Restaurante

Bella Ciao, rua do Cruxifixo, almocei lá ontem, um excelente e simples restaurante italiano.

sexta-feira, 28 de outubro de 2016

A ascensão da CMTV e a queda dos outros

Sobre televisão, o meu artigo no ECO desta semana.

quarta-feira, 26 de outubro de 2016

O assessor do PM que não era doutor

A queda do assessor do Primeiro-Ministro que não era licenciado é apenas a face visível de uma sociedade em que a aparência é mais importante que a realidade.

Onde o "doutor" é mais importante que a nossa identidade própria, onde é usada a palavra "doutor" como se de um título nobiliárquico se tratasse como nos aristocratas de séculos passados, onde as mentes ridículas tratam toda a gente por "sôtôr" como se isso fosse algum sinal de educação mas é apenas de subserviência.

O valor das pessoas não reside num canudo, há muitos "doutores" incultos, incompetentes, vigaristas e corruptos e muita gente que não andou na universidade que é a melhor nas suas profissões. As pessoas, o seu âmago, são muito mais importantes que títulos. Cabe a todos mudar esta provinciana mentalidade.

segunda-feira, 24 de outubro de 2016

Assunção Cristas na CMTV

Há um lado de enorme falta de visão e criatividade (no geral) dos programadores portugueses quando escolhem políticos para comentar nas televisões. Sigam o meu raciocínio, qual é a classe mais descredibilizada e que menos os portugueses têm paciência para aturar? A classe política.

E qual a classe que mais está representada em todos os canais que oferecem comentário político? Os políticos. Ora, os programadores ainda não viram nem compreenderam este paradoxo e ainda mais em Portugal que é o país do mundo onde mais políticos por metro quadrado comentam nas televisões.

O que fazem os políticos? Atenciosamente aceitam os convites, não tendo culpa da cegueira dos programadores, e aproveitam todo o tempo de promoção que lhes possam oferecer, estão no seu direito. Por isso Assunção Cristas aproveita o convite da televisão que mais cresce neste momento, gostem ou não são factos, que lhe traz notoriedade, apesar da reputação do canal não ser boa para a percepção pública.

A líder do CDS. com quem simpatizo, como eu disse à "Meios e Publicidade"quando se tornou ministra, é um excelente produto de comunicação. Por ela própria, da maneira como ela é, sem truques que só estão ao alcance de bons especialistas de comunicação política.

Agora, com toda esta exposição mediática, terá o desafio de construir semanalmente a sua substância, e robustecer o seu perfil sem expor as suas debilidades, que são várias. A televisão tem também esse risco. Ela tem ambição, capacidade de trabalho e simpatia, vamos ver que outras características se vão agregar à sua imagem com esta passagem no CM e CMTV. E, já agora, apresente uma ideia para Lisboa, não basta dizer que é candidata, tem de dizer ao que vai. Os lisboetas aguardam, não se esqueça.

sábado, 22 de outubro de 2016

A Caixa devia ser o banco de todos os portugueses

O meu texto desta semana no ECO é sobre a Caixa Geral de Depósitos. Para ler aqui.

domingo, 16 de outubro de 2016

Sugestões para a semana

Livros

"Bíblia", Frederico Lourenço, Quetzal, 412 páginas. É um dos acontecimentos literários do ano a tradução do grego do livro sagrado dos católicos. O primeiro volume dado à estampa é o Novo Testamento. O autor tem dado inúmeros contributos valiosos para a língua portuguesa este é mais um.

"Homens Bons", Arturo Perez-Reverte, Asa, 512 pág. O autor construiu este livro no estilo de D. Quixote, li numa entrevista. Mas esta caminhada de Madrid a Paris, em tempo das Luzes, para trazer os  28 volumes da Enciclopédia, o livro dos livros do Iluminismo não é um dos seus melhores livros. Tirando a saga da personagem criada por ele do Capitão Alastriste, que não acompanho, já li todos os livros do autor murciano e continuo a considerar "O Assédio", "O Tango da Velha Guarda" e "O Pintor de Batalhas" como as suas obras superlativas, as quais recomendo.

Cinema

Em casa, vejam o classicismo de Steven Spielberg em "A Ponte dos Espiões", TVC1, sexta, 21.30h, mas sobretudo dois grandes actores em acção Tom Hanks e Mark Rylance com um papelão que lhe deu Oscar de actor secundário no ano passado.
"Os Profissionais da Crise", hoje TVC1, 21.30h. Recomendo-o não por ser um grande filme, que não é, mas porque é sobre comunicação, sobre uma campanha política e tem alguns apontamentos engraçados. Com a Sandra Bullock no papel de "marqueteira" e Joaquim de Almeida como candidato.
Em sala, esta semana o grande acontecimento é na quarta, dia 19, às 21.30h  na Cinemateca, com a cópia restaurada de "Tristana". Um sublime exercício sobre as perversões e os comportamentos espanhois como só a genialidade de Luis Buñuel conseguia sublinhar. Com o grande fernando Rey e Catherine Deneuve. Eu já tenho bilhete que comprei com antecedência.

Séries

Para lá de esperar que estejam a acompanhar de terça a sexta, na RTP Memória, pelas 23h, o clássico "Hitchcock Apresenta",  realço no fox Crime a reposição da velhinha, mas de enorme qualidade, "Prime Suspect", a partir de terça às 23h, série policial que contribuiu para a notoriedade de Helen Mirren, que já era uma grande actriz de teatro. E deixei a gravar a estreia na RAI 1, terça 20.15h, de "Os Médici" com Dustin Hoffman, são as novidades que me interessam da semana.

Documentários

Amanhã na RTP2, 23.10h, "De Gaulle", a história do momento que marcou a Resistência e o tornou um dos grandes homens de Estado franceses.
No Netflix recomendo, no momento em que Portugal se fala de uma caça ao homem, "Amanda Knox", a história de um crime por explicar em Perugia, os acusados e os inocentes. Grande realização.

Restaurante

Ali em Santa Marta convivem lado a lado dois restaurantes de comida tradicional portuguesa, com boa cozinha e dentro das possibilidades de qualquer pessoa. Ao almoço estão cheios, ao jantar é mais tranquilo. Nomes: "O Andaluz" (mais conhecido) e "O Minhoto".



   

sexta-feira, 14 de outubro de 2016

A máquina de Cristina Ferreira

A minha estreia no novo jornal on-line ECO.https://eco.pt/opiniao/a-maquina-de-cristina-ferreira/

quinta-feira, 6 de outubro de 2016

O MAAT, a EDP e Lisboa

A abertura do MAAT (Museu de Arte, Arquitectura e Tecnologia), excluindo a sua inauguração de lantejoulas no dia 4, que como é habitual nestas coisas se tornou um passeio de vaidades de muitas vacuidades, foi um sucesso.

Uma boa manobra de comunicação/publicidade, investimento alto mas certeiro, que só não foi arrasador, ontem, no espaço mediático porque tivemos a excelente notícia de António Guterres ser eleito o novo secretário-geral das Nações Unidas.

Milhares e milhares de pessoas anónimas ontem o visitaram e viram, se calhar não sabendo bem o valor patrimonial do espólio ali existente, sobretudo a sua relação com o Tejo e a cidade. E se do sucesso de público já falei, o que mais conta para mim é a minha cidade contar com mais um polo de atractividade para os seus e para quem nos visita.

Sou defensor da variada oferta cultural, sou defensor que ela exista em diversas alternativas. É a cultura que enriquece uma sociedade e que consolida uma comunidade. Sem cultura, e as suas várias manifestações, subsistiria a barbárie

Não esqueço, e deixo a sugestão discursiva, que os portugueses continuam a pagar a electricidade mais cara da Europa e o presidente da EDP tem de compreender e passar a mensagem que tudo está a
fazer para que os serviços da EDP sejam competentes e com preço justo.

Mas, neste momento, tenho de estar grato à eléctrica e, especialmente, à sua Fundação e ao seu presidente, o meu amigo Miguel Coutinho, por ter dado a Lisboa, aos portugueses, aos lisboetas e a quem nos visita, mais um espaço de eleição que só enriquece a nossa cidade.

terça-feira, 4 de outubro de 2016

Elena Ferrante e o direito à privacidade

No mundo actual, há um frémito quase global pela partilha de "selfies". Parece um sintoma de que muitos desconhecidos adoravam ser famosos e a publicação dessas imagens abate um pouco o sonho não alcançado de ter 15 minutos de fama.

Depois, há os mais famosos que assentam a sua marca, a sua vida, na exposição quase diária das suas actividades. É quase um "reality show" pessoal que lhes dá o palco e lhes garante contratos publicitários e o reconhecimento de muitos milhões.

Mas, neste mundo de famosos e dos que queriam ser famosos, também há os que se preservam e pouco partilham e ainda há os que optam por permanecer quase anónimos por vontade própria e exclusiva.

Elena Ferrante é provavelmente a escritora mais citada em 2016. Quem já leu a sua tetralogia de Nápoles, é o meu caso, viu a genialidade de uso de todos os mecanismos da prosa, leu, e teve prazer, a arte de saber contar uma história de duas amigas e a sua evolução ao longo da vida.

Pois bem, Elena Ferrante, todos sabem, é um pseudónimo. Assim decidiu ela no seu livre arbítrio e nunca se expôs e as entrevistas que deu por exigência da editora foram sempre por escrito, através de mail. Tem esta mulher direito à sua privacidade? Tem.

O problema é que uma longa investigação veio expor a verdadeira identidade da autora e, de imediato, regressou o debate sobre o público e o privado. A meu ver, pode haver interesse de muita gente em a conhecer, mas ela está no direito de querer apenas escrever e viver uma vida de anonimato, sem ter o afã por aparecer ou tirar "selfies".

O mais importante é lerem-na porque os quatro livros da "Amiga Genial"são absolutamente geniais. E no meio de tanto barulho, de tanto falso "glamour", de tanto "flash", de tanta "selfie", +e bom observar como ainda há alguém que se refugia no silêncio e se protege no seu castelo de privacidade.

terça-feira, 27 de setembro de 2016

Trump e a Lady Macbeth

Há muitos anos, durante a crise do vestido azul de Monica Lewinsky, numa coluna de opinião sobre política internacional que mantinha no Semanário, chamei Hillary de "Lady Macbeth", a mulher que encarnou a perfídia pelo poder escrita pelo autor que ao longo dos tempos melhor percebeu a natureza humana: William Shakespeare.

Hillary é uma mulher preparada, inteligente, mas gosta muito mais do poder do que o marido Bill, um grande presidente americano. Hillary tem características de liderança, tem o "killer-instinct" de um candidato, mas, apenas e só, as pessoas não gostam dela, melhor, não confiam nela. Hillary é a candidata que tem tudo para ganhar, mas é fria, não transpira emoção, não tem paixão nem apaixona.

Por isso, qualquer pessoa que esteja a acompanhar regularmente a campanha americana, e não tenha apenas despertado para o assunto no debate desta noite, tenha reparado que ela, sempre que entrava num palco, abria muito a cara para a plateia, sorria muito, dizia muito adeus para as pessoas, tentando criar uma ligação, uma empatia, que, naturalmente, não consegue transmitir porque os americanos não gostam dela e, em 2008, nem um tipo genial como o Mark Penn, seu estratega de campanha, e maior especialista em «micro trends» do mundo, conseguiu dar a volta a isso. E, em 2016, nada mudou.

Donald Trump apenas é a voz dos americanos que nunca puderam dizer nada na cara da classe política e, isso, nos dias de hoje tem mais valor do que se pensa, num mundo onde todos, inclusive idiotas, têm tribunas nas redes sociais onde podem dizer todos os disparates do mundo.

Trump tem mais apoio do que se pensa, há muita gente que diz que vota nele em surdina mas que não o assume em público porque parece mal e é politicamente incorrecto. E nestas eleições os europeus não votam e os americanos nada têm a ver com os cidadãos do nosso continente. E as sondagens assim o dizem, quando demonstram quase, neste momento, um empate técnico entre eles.

Trump não tem preparação, verdade. É um monte de ideias ao molhe, sem estarem sistematizadas. Mente, é politicamente incorrecto, mas os americanos percebem o que diz porque tem duas ou três ideias fortes que caem no goto duma sociedade quase analfabeta. Porque Nova Iorque, Boston, são ilhas na realidade de um território díspar.

Ambos são os candidatos menos populares da história das campanhas eleitorais americanas. O mundo assustado por uma série de disparates globais tem medo de Trump, mas vê apenas Hillary como um mal menor. Em qualquer dos casos o mundo será completamente diferente, em qualquer dos casos o mundo não será mais tranquilo. 

domingo, 25 de setembro de 2016

Sugestões para a semana

Livros

"Uma Estranheza em Mim", Orhan Pamuk, Presença, 633 páginas. Ainda nenhum suplemento especializado nem jornal deram destaque ao lançamento do novo livro do Nobel turco, um dos meus escritores preferidos, que tem obra excepcional como "Istambul", "Neve", "My name is Red", "O Museu da Inocência" e que aqui volta ao seu território de eleição, ao cenário que melhor conhece, a sua Istambul, e as mudanças e evoluções que ali aconteceram entre 1969 e 2012.

"A Vida Como Ela É", Nelson Rodrigues, Tinta da China, 372 pág. Era para mim absolutamente incompreensível como nenhuma editora portuguesa dava à estampa a fascinante obra deste brasileiro que conhecia as ridicularias da natureza humana, os adultérios e os cornos sem complexos, construía uma galeria de personagens que podíamos identificar no nosso bairro (basta ver os nomes dos personagens para sorrir). Eu tenho a colecção toda dele (e até do que editou sob o pseudónimo Suzana flag), editada pela brasileira Companhia das Letras, e comprei este da Tinta da China porque é marcante e a edição é magnífica.

"O Silêncio do Mar", Yrsa Sigurdaddotir, Quetzal. Há umas semanas sugeri um policial, género que gosto, e salientei que este ano não tinha havido excepcionais livros lançados nesta área em Portugal e disse que indicaria um que me surpreendeu. Este de uma das escritoras islandesas que mais vende, tem o condão da acção ter como cenário um barco que sai de Lisboa com 6 pessoas e entra no porto de Reiquejavique sem ninguém. Um mistério envolvente e bem contado.

Cinema

Em casa, actual, aconselho "O Abraço da Serpente", de Ciro Guerra, nomeado para óscar de melhor filme estrangeiro e que há pouco andava em sala, dá TVC2 na quinta, 22h.
Recomendo na terça de madrugada, 1.50h e 7.15h, "Cativos do Mal" (The Bad and the beautiful) e "Duas Semanas noutra Cidade", o primeiro é genial, e recomendo-os porque fizeram parte de um ciclo integral de homenagem ao grande Vincente Minnelli que a Cinemateca organizou em Maio e Junho.
Em sala, Pedro Almodôvar é Pedro Almodôvar, passados dois filmes medíocres e que nada lhe acrescentam na sua brilhante filmografia, agora está "Julieta", a ver sem hesitações.

Séries

Ainda não começaram as grandes estreias nos nossos canais de séries, hoje arranca a segunda temporada da série de acção Blindspot no TVC Séries e recomendo, ainda esta semana escrevi sobre as 4 séries que a RTP lançou, a melhor delas, "Dentro", drama prisional que vale a pena ver.

Documentário

Já tinha recomendado no Netflix o sensacional "Chef`s Table" que mais do que uma série de culinária é sobre histórias de vida e cultura de diversos países. É um regalo para os olhos, vejam ambas as temporadas.

Restaurante

Cada vez mais valorizo restaurantes de comida portuguesa, onde me sinta bem tratado e que não me passe pela cabeça que esteja a ser vítima de um assalto à mão armada com a relação qualidade-preço que é praticada. O Entre Copos, na rua de Entrecampos é assim, ainda por cima como lá vou bastantes vezes, já conheço o senhor que grelha o peixe e já vou vendo o que vale mais a pena. Ao almoço tem dias que só marcando mesa.

sexta-feira, 23 de setembro de 2016

As novas séries da RTP

Eu mantenho que Portugal, e sobretudo a RTP, deve na indústria do audiovisual ter uma aposta consistente na produção de séries, como alternativas de qualidade às telenovelas.

Como aqui escrevi, os hábitos de consumo em televisão são conservadores, e os programadores, por comodismo e por os resultados serem mais visíveis, mantêm as velhas fórmulas das novelas no prime-time. Mas, como vemos todos os dias, há cada vez mais público a  fugir para o cabo e outras plataformas, por exemplo, o Netflix.

Há um consumidor mais esclarecido, também jovem e urbano, que já não tem pachorra nem perde tempo com novelas e reality-shows que inundam os nossos canais generalistas. Por isso, saudei a coragem da RTP em apostar em séries contra o monopólio das novelas. Sabendo bem, como escrevi na altura, que as audiências não iam ser relevantes e podiam ser más face aos hábitos instituídos. Assim sendo, e passadas três semanas, o meu balanço e depois umas palavras de optimismo na conclusão:

Na terça, "Mulheres Assim". É tão má, tão ridícula, que nem vale a pena comentar. E há uma coisa que não podem esquecer e que entendo ser uma das maiores pechas nesta fase embrionária da construção de uma indústria de séries portuguesas: a direcção de actores para série de televisão não pode ser a mesma coisa para novelas nem para teatro, onde continuam visíveis os mesmos tiques. Depois, estejam atentos um bocadinho ao pormenor, levem alguns actores ao dentista e invistam num branqueamento, isto é de um amadorismo sofrível.

Na quarta, "Os Boys". É conhecido que, por esse mundo fora, a aposta em séries que abordem o tema da política e do poder resultam bem. Não falo das de registo dramático que todos conhecem como "House of Cards" (e a primeira versão inglesa já está disponível no Netflix e sugiro), "West Wing", "Borgen", "Os Influentes" (as duas últimas transmitidas na RTP2) e a menos conhecida, mas sensacional, "Boss" (apenas com duas temporadas), também no humor e na sátira temos a premiadíssima "Veep" e a mais antiga "Spin City" por exemplo. Por cá apostou-se no humor. Uma das coisas que mais gosto é o seu genérico, depois o primeiro episódio não gostei muito e senti os actores muito presos e desconfortáveis, sobretudo a personagem principal do filipe Duarte que, para mim, juntamente com o Ivo Canelas, é o grande actor português. Tem melhorado, não sei se o público português compreende tudo o que ali está escrito, como exercício de humor não atinge todos os objectivos, mas mais uma vez é um primeiro passo.

Na quinta, "Dentro". Trama prisional que para mim é a melhor das quatro proposta da RTP. Tem um elenco homogéneo, tem falhas naturalmente, mas parece-me a série mais consistente e com mais pernas para andar. Depois, tem a melhor personagem e a actriz, Vera Kolodzig, vai excelente nesse papel, das quatro séries. Não é nenhuma "Orange is the New Black", até porque o registo, aqui, é dramático, mas até pode dar mais temporadas.

Na sexta, "Miúdo Graúdo". A ideia é engraçada, o tema é o mais universal, é uma série de família, mas peca por um erro crasso. O horário e o dia em que é emitido, Na sexta, o mind-set das pessoas é outro e o horário ideal seria ao sábado ou domingo de manhã.

Concluindo, houve um tempo em que uns tipos meio loucos decidiram ir morder os calcanhares da máquina de produção de novelas da Globo, que dominava a RTP no tempo do preto e branco, e decidiram produzir a "Vila faia". Um passo decisivo e marcante para o que hoje é a nossa poderosa máquina de produção de novelas. A RTP, com estas séries, dá o primeiro passo consistente na construção de séries portuguesas, com actores, técnicos e guionistas portugueses. Um dia diremos que esta aventura embrionária da RTP, se calhar com audiências baixas, com muitas fraquezas, terá sido decisiva para um futuro que se deseja auspicioso e de melhor qualidade.

quarta-feira, 21 de setembro de 2016

A anatomia de um "hater"

Por certo muitas pessoas já apanharam nas suas redes sociais, indivíduos que aparecem a dizer mal de tudo e de todos, sem vos conhecerem de lado nenhum aparecem nos vossos murais também a criticar, habitualmente gente que escreve mal, que ninguém conhece de lado nenhum, que ao espreitarmos os seus murais vemos que pouca gente interage com elas.

Estes indivíduos são "haters", no seu corpo corre-lhes um veneno pérfido, a sua alma é obscura, a sua maneira de estar na vida é doentia. Algumas características são simples de detectar, por exemplo:

Quem gosta de futebol, gosta de ver um bom jogo com jogadores de qualidade. O "hater" não vê futebol, vê apenas os erros dos árbitros e disso faz a sua expressão.

Quem gosta de um programa de troca de ideias, de política por exemplo, quer ouvir gente bem preparada que consiga explicar bem aquilo que diz. O "hater" nem ouve, nem percebe nada do que dizem, mas aguarda na sombra, com a precisão de um assassino principal, o erro (que acontece quase sempre), qualquer que seja, para disparar em seguida.

Quem gosta de comprar revistas socias, gosta das fotografias, de conhecer mais na intimidade algumas pessoas mediáticas. O "hater" tem os olhos do lobo mau, saliva como o mesmo, nem vê o que lá vem, mas morde na primeira oportunidade de dizer mal.

O "hater", ao fim e ao cabo, é um infeliz, gostava de ser o que nunca será, não tem alegria no trabalho nem na sua vida pessoal, alimenta-se do ódio a pessoas que nem conhece. O problema é que há cada vez mais "haters", são resultado, também, de uma sociedade cada vez mais triste e solitária.

segunda-feira, 19 de setembro de 2016

O PS, a Mortágua e o Sérgio Sousa Pinto

Assisti de alguma maneira atónito à tournée de Mariana Mortágua pela rentrée do PS em Coimbra. Aplaudida pela plateia, como um matador que percorre todas as praças à espera de semear simpatias para colher troféus no dia de amanhã, o partido não compreendeu que, apesar dos tempos de grande coligação que se vivem, o seu discurso nada tem a ver com a instituição fundadora da nossa democracia.

O PS é um grande partido de poder, na sua raíz tem, naturalmente, o diálogo com todos os espectros políticos, especialmente com os partidos à sua esquerda, mas a sua matriz, o seu âmago, é o socialismo democrático e a social-democracia. O carácter de grandes homens como Palme, Brandt, Mitterrand que o influenciaram nada têm a ver com o marxismo-leninismo nem com trostskismo.

Se alguém considera o discurso de Mariana Mortágua (pessoa com a qual simpatizo) moderno, está profundamente enganado. Se acham que esse discurso vale votos hoje, amanhã verão que as palmas que lhe bateram, serão punhais no coração. O PS deve dialogar sempre, mas não subjugar os seus princípios, os seus valores democráticos, a uma plêiade de carinhas larocas e aparentemente simpáticas que são o rosto do populismo da esquerda mais ortodoxa mas que é apaparicada pelos media e pelas televisões.

A propósito dos três parágrafos anteriores, quero dizer que conheço o Sérgio Sousa Pinto há muitos anos. Já disse coisas que eu não gostei e, por certo, ele já deve ter odiado coisas que escrevi. Mas tenho muita estima por ele, é um político sério e honesto (e de honestidade intelectual também) e tem substância, algo que nos dias de hoje, em que os políticos cheios de ar temem que a qualquer momento lhes apareça alguém com um alfinete, é de saudar. Além disso, temos uma coisa em comum: dizemos o que pensamos, por muito que isso custe a quem ouça.

Sobre esta questão do PS e Mariana Mortágua escreveu no seu mural e cito na íntegra:
«Lição ministrada do alto do legado histórico do trotskismo ou de uma qualquer seita comunista heterodoxa.
PS, penitencia-te, ainda vais a tempo, junta-te a nós, 1975 é passado, o capitalismo não sobreviverá ao nosso grandioso compromisso histórico.
Esta paródia senil, protagonizada por jovens burgueses cripto-comunistas e habilidosos pantomineiros da velha escola, sairá cara ao meu partido. Já só falta emergir um furioso qualquer, recentemente criado dirigente e ideólogo, ex...plicar que os últimos 40 anos foram governados pela direita - foi esse o problema.
Chegou a alvorada de Abril e a primavera dos povos, versão Madame Tussaut. Não há esganiçado que não bata com a moca da igualdade no chão, para levantar pó e celebrar a morte da direita. Parados no passado a atrasar o futuro e a teorizar a resplandecente justiça social inerente ao socialismo de miséria. Querem reabrir a gaveta onde Soares fechou diferentes caricaturas do Socialismo. Não escondem ao que vêm: superar o modelo. Ora, eu gosto do modelo. Foi construído pelo PS, com tremenda dificuldade, e pela direita democrática. Com o contributo do radicalismo esquerdista nunca se conseguiu construir uma cadeira de pau. Quanto mais o Socialismo».

Concluo que ainda há algumas pessoas que não seguem, por muito bela que seja a música, os acordes de uma qualquer inebriante flauta mágica. E bem.

domingo, 18 de setembro de 2016

Sugestões para a semana

Livros

«O Czar do Amor e do Tecno», Anthony Marra, Teorema, 382 páginas. Livro fabuloso, melhor livro do ano para New York Times, Washington Post, entre outros, a história de um artista, um pintor, que se torna um censor na União Soviético, eliminando de fotografias e pinturas os ditos, no tempo, «inimigos da revolução». A ler e já dei destaque no meu facebook.

«A Guerra Não Tem Rosto de Mulher», Svetlana Alexievich, Elsinore, 392 pág. É o segundo livro, depois das «Vozes de Chernobyl», que é publicado da vencedora do Nobel por esta editora. Este é o primeiro da autora. «Não escrevo sobre a guerra, mas sobre o ser humano na guerra. Não escrevo a história da guerra, mas a história dos sentimentos. Sou historiadora da alma». Depois, é o seu habitual, e genial, estilo de caleidoscópio de experiências que transporta com sensibilidade para o papel.

«Skype com Deus», Bruno Costa Carvalho, Glaciar, 67 pág. Livro que se lê com gosto e num ápice. Tenho grande estima pelo autor, que aqui exercita um diálogo criativo, imaginado com Deus. Alguém não teve já a tentação de agradecer, em tempo de alegria, ou de questionar quando algo corre mal a divindade ou divindades em que acredita? Por Skype vemos que Deus está mais perto de nós e tem quase os mesmos gostos que nós.

Cinema

Em casa, na RTP2, na quarta, 23.20h, um dos mais belos filmes do Peter Greenaway, «Os Livros de Próspero», inspirado na "Tempestade" de Shakespeare.
Sexta, no TVC1, 21.30h, um dos melhores saídos de Hollywood no ano passado: «Sicário».
Em sala, no Nimas, regressa em versão digital restaurada e remasterizada, na quinta, um dos clássicos do cinema moderno: "Taxi Driver", de Martin Scorsese. Tenho a certeza de que quem já o viu umas dez vezes voltará ao escurinho do cinema.

Séries

Na RTP2 estamos já na segunda semana da segunda temporada de «Príncipe», série de produção espanhola, passada em Ceuta, sobre terrorismo e que não sendo nenhuma obra-prima é uma agradável produção europeia e uma boa alternativa.
Na quinta regressa uma espécie de Dallas nó hip-hop e R&B em Empire, na fox Life.

Documentários

Vou chamar-lhe documentário, sabendo que é uma série, mas é uma produção do canal História que se estreia amanhã às 22h. "Barbarians Risings" sobre as diversas civilizações e tribos que atacaram e sucederam ao Império Romano.
No TVC2, na quarta, 19.15h, para aquelas pessoas que gostam de passar o fim-de-semana no IKEA, que tal conhecerem Ingvar Kamprad «O homem que mobilou o mundo», o fundador da conhecida marca sueca.

Bar/Restaurante

Aproveitando o bom tempo que ainda vai continuar, aproveitem o pôr~do-sol e dêem um pulo a uma das ruas mais «cool» de Lisboa, a rua de São Paulo, e logo ali no 218, ao lado do elevador da Bica, vão ter o prazer de conviver com um dos homens mais míticos dos tempos em que o Bairro Alto era bom, o meu amigo Hernâni Miguel, no seu bar Tabernáculo, onde podem comer umas deliciosas tapas e também todos os dias um prato esmerado com qualidade. Tudo acompanhado com um bom vinho da Bacalhoa.

quinta-feira, 15 de setembro de 2016

A Justiça e Sócrates

Primeiro ponto, não sou jurista nem juíz, em termos de técnicas relacionadas com o Direito haverá gente com muita competência para se pronunciar sobre prazos, acusações e outras variáveis no caso de José Sócrates.

Segundo ponto, não pertenço a nenhum partido (nunca pertenci) e, por isso, não sou nenhum guerrilheiro das redes sociais, arena onde, diariamente, vejo gente, verdadeira e não existente, a digladiar-se em mortíferas batalhas campais, onde a arma de arremesso é a verve e a de defesa é a  falta de memória. Assim sendo, o meu comentário é independente, sem ódios cegos e sem irracionalidade.

Eu gostava que em Portugal a Justiça fosse eficaz, que não temesse poderosos nem o dinheiro dos poderosos, que colocasse a ver o sol entre as grades quem inequivocamente rouba, quem prejudica um Pais para se governar com negociatas. A Justiça deve ser cega, independente, sem preconceitos, mas deve ser certeira e não demorada.

Ao prenderem preventivamente José Sócrates durante 10 meses, quem o fez, sabiam que condicionavam percepções - e muitas vezes a percepção é mais importante que a realidade - que haveria uma condenação geral da população mesmo, como acontece, que não houvesse uma clara condenação construída pela máquina judicial.

O certo é que já passaram dois anos e José Sócrates ainda não sabe do que é acusado. Dois anos é muito tempo, como diria uma canção, muitas notícias foram soltas, muitos cenários foram construídos. Eu gostava que, em todos os casos, a Justiça fosse célere, porque nesta altura do campeonato a maior parte dos portugueses já tem suposições, já julgou o ex-Primeiro-Ministro na sua consciência, mas o que é certo é que até agora são só percepções e cenários, enquanto a reputação de um indivíduo, que desempenhou um dos mais altos cargos do país, está nas ruas da amargura.

Agora a PGR dá mais 6 meses para o Ministério Público investigar José Sócrates. É demasiado tempo e a Justiça arrisca-se, ela também, a ficar com a sua margem de erro e reputação de rastos.  

segunda-feira, 12 de setembro de 2016

Assunção Cristas em Lisboa

Eu tenho simpatia pela Assunção Cristas, já o disse e mantenho. E digo-o com a liberdade de não pertencer a nenhum partido e tentar ver a política de maneira racional, sem guerrilhas partidárias.

Assunção está a criar a sua aura, o seu caminho. Tal como o seu antecessor, sabe que uma candidatura a Lisboa, com meses de campanha, com intensa exposição mediática, são a melhor maneira de conquistar notoriedade e solidificar a sua liderança.

Em 2001, Lisboa juntou João Soares, Pedro Santana Lopes e Paulo Portas. Três pesos-pesados, provavelmente na melhor campanha política de sempre. O CDS obteve 7,5 por cento dos votos. Sendo assim, esta é a barreira mínima da nova líder do partido, qualquer resultado abaixo será um fracasso.

Assunção tem uma capacidade, com o actual PSD, de roubar eleitorado e dar bicadas ao seu discurso. E tem um capital de simpatia que não é despiciendo na actualidade. Muita gente que não milita no seu partido, respeita-a, e o CDS tem hoje caminho livre para se afirmar, crescer e robustecer a sua base de apoio.

Por isso, sem uma coligação previamente delineada e assinada com o PSD, o seu movimento era o mais natural e o que mais empolga o seu partido, não dando margem para que outros nomes do CDS se neguem ao combate nestas autárquicas.

Mas há algo que não gostei e terá de ser rapidamente limado, apurado e construído. Se já elogiei o movimento de xadrez da sua candidatura, não me esqueço que eu sou de Lisboa, e gostava que quem se candidatasse à minha cidade não dissesse apenas «sou candidato» e apresentasse já algumas ideias que representassem a ruptura com a governação da cidade que está sem qualquer estratégia e a navegar à vista. E aliás, tem boa gente aqui em Lisboa que a pode ajudar, com trabalho evidente e de qualidade na oposição, uma vez que só o CDS - o PSD não existe, Seara desapareceu - tem combatido o presidente não eleito, Medina.

Não basta dizer «tenho o vento de Lisboa colado à minha pele e tenho a água do Tejo no fundo da minha alma», quem lhe construiu este soundbyte é amador, diga-se. Lisboa precisa de uma ideia de cidade, de uma estratégia global e não de apontamentos e obras avulsas. Cristas está no terreno, seja bem vinda, é uma mulher simpática, passa bem o que quer dizer, cria empatia com as pessoas, mas ainda tem de dizer ao que vem.

quinta-feira, 8 de setembro de 2016

A grande praga do Verão: os «especialistas»

No mundo muita gente temeu, por causa dos Jogos Olímpicos, a praga do Zika. Em Portugal o nosso território foi, e ainda é, martirizado pelos fogos florestais, mas, pior que tudo, como se do Êxodo brotasse nova praga de gafanhotos foi o pobre espectáculo que os canais de televisão deram ao ungir umas dezenas largas de "especialistas".

Especialistas entre aspas, porque o nome real seria embusteiros, com a conivência natural de quem os convidou e os intitulou assim. Vi cenas deprimentes, indivíduos e cavalheiras que nem sabiam do que estavam a falar, gente à qual nunca se conheceu um pensamento, que nunca publicou uma ideia, gente sem currículo, que não tem audiências e nem traz audiências. mas que todas as televisões ditas de informação ungiram como "especialistas". E isto aconteceu na SIC-N, na TVI24 e, especialmente, na RTP3 que é um desastre completo neste aspecto. Vamos a exemplos:

- na SIC-N é constante a presença de um politólogo, que nem os grandes politólogos portugueses conhecem e sabem quem é, não se conhece uma ideia, um pensamento de lado nenhum, mas o indivíduo surge todo lampeiro, comenta política nacional e internacional, até fala de comunicação (e aqui esclareço os leitores que o indivíduo nada sabe e nunca trabalhou em comunicação, que é a minha área e sei do que falo). Audiências zero, impacto zero, relevância nenhuma, já informei dois amigos  decisores da SIC, mas o senhor continua a lá ir.

- durante os fogos que lavravam, das imagens mais terríveis e tristes que as televisões nos apresentam,  foi ininterrupto a presença em todos os estúdios de dezenas de "especialistas" em fogos, florestas e meios de combate aos incêndios, horas e horas de comentários com inúmeras receitas, mas, ao mesmo tempo que debitavam sem parar, na vaidade de se ouvirem, não percebiam que as suas vãs palavras nada valiam e o espelho das suas receitas estava ser feito poeira como o nosso território e os bens das pessoas.

- Na RTP 3 vi um "comentador RTP" a comentar a Convenção Democrata sem a comentar, citando apenas Donald Trump num chorrilho de lugares comuns e sem saber nada de política americana. Duas notas minhas sobre isto: 1- para quem não sabe, eu fui editor internacional durante dois anos no jornal Semanário, onde tinha coluna semanal de opinião sobre temas da política internacional, fui à sede da NATO, em Bruxelas, escolhido então pela embaixada americana em Lisboa,  para falar numa conferência sobre o programa PpP, que nem estes "especialistas" sabem o que é. Era Parceria para a Paz e o possível alargamento da Aliança Atlântica à Rússia. Já agora, sabem como se chamava a minha coluna de opinião no Semanário, nome que eu escolhi? "Olhar o Mundo", passados tantos anos, vejo que é o nome do programa de política internacional da RTP3. E sendo consultor de comunicação hoje, mantenho a leitura, actualidade e paixão pelo internacional. 2- por causa dessas leituras, cabe-me dizer que ao ouvir esse comentário sobre a Convenção Democrata e o Trump, enviei um sms para um responsável da RTP com o comentário: «o comentador não percebe nada do que diz, mas pelo menos leu o El Pais de ontem, pois está a dizer ipsis verbis o que lá vinha da relação do Trump com Putin, pelo menos isso».

- Na RTP3 vi outro "especialista", que estava à frente do Bernardo Pires de Lima (o único bom especialista, sem aspas, de política internacional da RTP, os outros numa televisão criteriosa seriam todos vetados) a mencionar, durante o impeachment no Brasil, «um senador Buarque que falou, mas que nada tem a ver com o Chico Buarque», como se estivesse a fazer humor para tapar a sua ignorância. o Buarque, que o "especialista" mencionava e não sabia quem era, era o Cristovam (sim, com M no fim) Buarque, um dos mais respeitados políticos brasileiros, governador de Brasília, ministro da Educação, criador do Bolsa Escola, mas o "especialista" em assuntos internacionais, "comentador RTP" nem ao trabalho se deu de preparar a sua intervenção, expondo ainda mais a sua ignorância.

- Na RTP3 para terminar por agora, mas tenho muitos mais casos assinalados, o ponto alto decorreu no 360 graus da Ana Lourenço. Nesse dia contei ao minuto, no meu mural e muita gente viu e outros foram rever nas suas boxes, e recebi inúmeras mensagens sobre o espanto, a vergonha, de como a RTP3, sem saber nos dias de hoje quem conta, preconceituosamente perdida nos seus amiguinhos e nos lóbis do costume, para o caso dos jovens iraquianos e da imunidade diplomática, ter convidado um indivíduo, "especialista" em assuntos internacionais, "comentador RTP" que olhou duas vezes para a cábula para dizer a data da Convenção de Viena, que nada sabia de imunidade e teve de olhar três vezes e engasgou-se duas, depois menciona mais duas vezes «comunicação política», janela fantástica para os ignorantes taparem o que não sabem dizer (e este indivíduo nunca trabalhou em comunicação política, garanto-vos eu) e ainda dispara um sonoro «zeitgeist», coisa que a maioria dos poucos espectadores da RTP3 não sabem o que é, e o indivíduo também não sabe explicar, mas cai bem dizer umas coisas «estrangeiras». Depois, disto, um qualquer decisor na plena posse das suas faculdades agarrava num telefone e dava ordens ao seu produtor para este "especialista" nunca mais aparecer. Sabem qual é o problema? Se calhar, nem os decisores estavam a ver este pobre espectáculo, e o mais grave é que o "especialista" estava 20 minutos depois a comentar outro tema no Jornal da 2.

Uma vergonha, a passagem de um atestado de imbecilidade a incautos em todos os canais, não contem comigo para eu calar esta pornochachada. Aqui me terão, não protejo medíocres, mas os medíocres protegem-se sempre uns aos outros. Portugal, infelizmente, é assim.

quarta-feira, 7 de setembro de 2016

Ao cuidado do Turismo de Lisboa

Como é sabido, sou um lisboeta agradecido pelo trabalho que o Turismo de Lisboa tem desenvolvido. O que seria da economia da nossa cidade, do nosso País, se não houvesse um incremento dos que nos visitam e que, na maior parte dos casos, voltará sempre outro tempo na sua vida?

Por isso, deixo a seguinte sugestão construtiva. A Islândia tem um grande escritor de policiais, Arnaldur Indridason, e uma grande escritora de thrillers, prefiro esta caracterização do que policiais para esta autora, Yrsa Sigurdaddotir. A que propósito os menciono?

É que da segunda, que vende milhões de livros em todo o mundo e dá entrevistas para diversos jornais globais, a Quetzal deu à estampa "O Silêncio do Mar". A particularidade é que é uma interessante história de um navio que sai de Lisboa e chega a Reiquejavique (capital daquela fascinante ilha) sem ninguém a bordo. Seguindo-se toda a construção e desenlace deste mistério.

Parte da acção, até ao embarque, é passada em Lisboa mas a mim parece-me que a escritora nunca esteve cá, pois não é muito rica nem realista na descrição que faz da nossa cidade. Daí a minha sugestão: trazer cá a escritora, ela que explique porque a acção parte de Lisboa (se calhar, fruto do bom trabalho do Turismo de Lisboa que a levou a uma cidade que está na moda) e pelo menos temos a certeza que, quando em conferências e entrevistas, Yrsa Sigurdaddotir poderá mostrar uma simpatia ainda maior por Lisboa. E ela vende milhões.

terça-feira, 6 de setembro de 2016

O Serviço Público da RTP

Eu gosto da RTP, acredito na sua responsabilidade de serviço público de televisão e desejo que o canal seja um farol ao nível da inovação, ao nível da ruptura com o politicamente correcto, que não se conforme com o "statu quo" de fazer fácil e não seja preguiçoso e se deixe levar pelo hábito e pelos preconceitos adquiridos.

Dito isto, e não particularizando todos os canais, arranca hoje uma nova fase da programação em que há uma aposta clara na produção nacional, nomeadamente, a consolidação de uma produção portuguesa de séries de ficção na RTP1. Elogiei aquando do lançamento de "Terapia" essa aposta, porque é rumar contra a maré e contra quase o direito consuetudinário de os portugueses, em canais generalistas, serem obrigados a aturar novelas atrás de novelas do "prime-time" até ao "late-night".

Claro que eu, como qualquer pessoa minimamente informada, sei que é muito difícil a RTP obter com esta aposta logo uma audiência considerável. Os consumos televisivos do grande público são conservadores e não é apenas porque surgem estas quatro séries portuguesas que eles carregam no comando e viram para o canal 1. São muitos anos, desde a influência da Globo, em que os portugueses querem ver telenovelas, estão no seu direito e as audiências assim o dizem.

Mas a RTP deve estar ao lado dos produtores nacionais, deve apoiar tanto séries como o cinema, não deve ter medo da ruptura e deve ter guiões e histórias que possam ser exportadas como outros países europeus conseguiram, por isso irei espreitar todas estas novas séries para aferir da sua qualidade e interesse. Porque há públicos que, a cada dia que passa, fogem para o Cabo e para a Netflix e não se pode perder a esperança de os tentar reconquistar.

Sem esquecer que Portugal não são os 15 mil leitores do Público, sem esquecer que a RTP não é o canal Q e não deve estar refém de humoristas, sem esquecer, e só escrevo hoje sobre a RTP1 (escreverei noutro dia sobre a 2 - e gosto da 2 - e o desastre que tem sido a RTP3 onde os critérios dos amiguinhos, os "especialistas" da tanga e sem currículo predominam, onde o politicamente correcto domina, onde ninguém percebeu o peso dos líderes de opinião das redes sociais que valem mais do que todos os comentadores que lá têm juntos, dá 7 mil espectadores por dia), que Portugal é o mesmo que vê a Volta a Portugal em Bicicleta, que vê o Jorge Gabriel e a Sónia Araújo e continua a gostar do Preço Certo.

Por isso, qualidade sim, sem qualquer dúvida, mas agregando, criando empatia com os portugueses - e bem que a RTP precisa de voltar a ter essa empatia como já teve -, fazendo uma televisão agradável e sem preconceitos. Mas a RTP - e todos os seus canais - não pode perder relevância. Esse é um desafio que não pode ser esquecido. As audiências até podem não ser grandes, mas se a RTP se tornar irrelevante isso será a morte do artista.

domingo, 4 de setembro de 2016

Sugestões para a semana

Livros

"O Mapa e o Território", Michel Houellebecq, Alfaguara, 376 páginas. Não sendo uma edição deste ano, a de 2016 que chocou muita crítica foi o menos inspirado "Submissão", li-o no Verão, já lhe dei destaque no facebook e, juntamente com "Partículas Elementares", é o seu livro mais genial.

"Onde Todos Observam", Megan Bradbury, Elsinore, 281 pág. Um livro que é uma declaração de amor a Nova Iorque, através de diversos olhares, de quem a viveu, de quem a construiu, mas não pensem que é um livro de viagens, nada tem a ver com isso. Ressalto ainda a qualidade que a editora Elsinore coloca nos seus produtos. É linda a capa, os caracteres da escrita são sublimes, uma edição cuidada, como todas as outras desta editora, com destaque para "As Vozes de Chernobyl", que é um dos livros do ano.

"Fechada para o Inverno", Jorn Lier Horst, D. Quixote, 341 pág. Costumo deixar sempre a sugestão de um policial nestas prosas, é um estilo que aprecio e que leio ao mesmo tempo que outras obras. Este ano, em Portugal, não foram muitos os policiais de grande qualidade editados, mesmo os já clássicos Jo Nesbo ou Camilla Lackberg não me surpreenderam por aí além (deixo o que mais me surpreendeu para a semana). Por isso, sugiro este norueguês que traz um novo personagem que espero que continue a chegar, o detective WilliamWisting.

Cinema

Em sala, aproveitem as últimas projecções de "Dersu Uzala", um filme sublime de Akira Kurosawaa, no Nimas. Na Cinemateca mais um punhado de grandes obras que têm como protagonista Kirk Douglas, para esta semana destaco "The Strange Love of Martha Ivers", o melhor de Lewis Milestone (segunda 15.30h) e "The Big Carnival", do extraordinário Billy Wilder, um filme muito actual, com um jornalista a tentar sobreviver, contribuindo para a morte de um homem, contando com a voracidade das audiências que dão atenção a um drama mas que em minuto partem, como hienas, para novos dramas.
Em casa, na RTP2, na sexta, 23.30h, continuação do ciclo dedicado a Andrei Tarkovsky com "Solaris", depois de nesta sexta ter passado um dos meus filmes preferidos, "Andrei Rublev".

Séries

Acho que já quase toda a gente que tem Netflix viu nestes dias "Narcos" na sua segunda temporada. Se não viram ainda, não sei do que estão à espera.

Documentários

No Odisseia na quarta, 20.30h, cinquenta minutos sobre samurais, um tema sempre fascinante.

Restaurante

Ainda antes de ir de férias almocei no Hikidashi, um japonês de muita qualidade em Campo de Ourique. Não é barato, mas é uma grande experiência.


segunda-feira, 27 de junho de 2016

Sugestões para a semana

Livros

"O Ruído do Tempo", Julian Barnes, Quetzal, 193 pág. Um dos que leio neste momento e é, provavelmente, um dos melhores do ano. Sobre a Arte e o Poder, a relação entre Chostakovich e Estaline. Bem escrito e com uma ironia marcante,

"Génio", Harold Bloom, Temas & Debates, 902 pág. Esta é uma obra sublime, convém ir lendo página a página, com carinho com medo que o livro acabe. Um tratado sobre literatura e os grandes escritores.

Cinema

Recomendo-vos o "Asas", de Larisa Shepitko, em várias sessões no Nimas esta quarta. É um dos melhores presentes nesta mostra dos grandes mestres do cinema russo. Realizado num tempo em que houve um pequeno espaço para sonhar na URSS, no tempo de Khrushchev.
Em televisão, e ainda há pouco estava nas salas, o último do françois Ozon, no TV Cine 2 na sexta 22h. Sobre este filme que já vi, registei todos os críticos que lhe deram nota 2. É que daqui a 20 anos os mesmos que lhe atribuíram essa nota vão passar a dizer que é um grande filme, vão por mim.
Recomendo o ciclo do Roberto Rosselini que começou na semana passada com o "Amor", às terças no TVC2, e durante toda a semana cerca de 9 filmes do John Carpenter no TVC 4

Séries

A estreia da segunda temporada de Marco Polo, no Netflix. Mais do que a história, a produção e mise-en-scéne é fabulosa.

Documentários/Debate

Eu que sou assinante da Globo Internacional, para lá do charme e humor com classe do programa do Jô Soares, há um programa de debate de grande qualidade que passam os anos e continua bom, é o Manhattan Connection. Passa ás terças.

Restaurante

 Para umas tapas seguidas de boa diversão e bom ambiente espreitem o Lagar do Cais, na Rua de São Paulo. Não é barato mas é um sítio agradável.

segunda-feira, 13 de junho de 2016

Sugestões para a semana

Livros

"Chega de Saudade", Ruy Castro, Tinta da China, 492 páginas. Um dos livros que leio neste momento, uma edição recente e magnífica. Ruy Castro tem inúmeras obras de eleição sobre a sociedade e personalidades brasileiras. Aqui é a origem da Bossa Nova, um livro riquíssimo recheado de grandes figuras: Vinícius, Jobim, João Gilberto, Nara Leão, Ronaldo Boscoli, Roberto Menescal, Carlinhos Lyra. Uma delícia de construção, tão sonora e elegante como a música que estes génios criaram. Imperdível.

"Augusto", Adrian Goldsworthy, Esfera dos Livros, 582 pág. Para quem gosta de história este é um dos livros a não perder, É História mesmo, não é ficção histórica, pois o autor é um especialista. Não é tão bom como os seus outros dos quais já dei nota, "Júlio César" e "Generais Romanos", mas Augusto é uma personalidade fascinante, ele é que consolidou o império romano na companhia da sua mulher, a maquiavélica Lívia, e por isso são as bases da nossa civilização que inundam este livro.

"A Amiga Genial", Elena ferrante, Relógio d`Água, 264 pág. Este é apenas o primeiro volume que dá o nome a esta tetralogia de Nápoles a qual já li na íntegra. Já tinha recomendado e tirado frases para as redes sociais, é uma obra fabulosa de quem domina todas as técnicas do romance. É fascinante acompanhar a vida de Elena e Lila e toda uma galeria de personagens que se entrelaçam connosco,

Cinema

Dos mestres do cinema russo, no Nimas, esta semana dois filmes inéditos nas salas portuguesas: "O Tio Vânia" e "Siberíada", ambos de Andrei Konchalovsky. Mas de todo o ciclo que tem passado desde Abril, e que praticamente já vi todo, deixo-vos os que considero indispensáveis: para lá de todos os Eiseistein, vejam mesmo o "Ivan, o Terrível" nesta cópia restaurada que é genial, recomendo "O Homem da Câmara de filmar", de dzigo Vertov; "A Casa na Praça Trubnaia", de Boris Barnet, e dois que nunca tinham passado em Portugal: "Asas" e "Ascensão" de Larisa Shepitko
Na Cinemateca, esta semana recomendo o ciclo de Orson Welles e na continuação da mostra da  obra de Vincente Minnelli, "Lust for Life"  (A Vida Apaixonada de Van Gogh) e sobretudo "Cobweb" (Paixões sem freio). E Minnelli, passada toda a sua carreira inicial ligada a musicais, tem filmes geniais dos quais destaco três que vi neste ciclo: "The Clock" (um dos mais belos da história do cinema), "Undercurrent" e "Madame Bovary" com uma das mulheres mais belas de Hollywood, Jennifer Jones, num papel magistral.

Séries

Esta é uma altura em que os principais canais se resguardam para a rentrée e assim as estreias são poucas. Por isso destaco, no Netflix, "Bloodline"(1ª e 2ª temporada), uma séria nota 5, como uma série deve ser, de guião, de personagens marcantes e, neste caso, com grandes actores. Ali verão Sissy Spacek, Sam Shepard, Kyle Chandler (formidável) e depois, na 1ª temporada, Ben Mendelson com um papel que é uma das personagens mais mal formadas que já vi. Mau, sem escrúpulos, marcante; e a quarta temporada de "Orange is the New Black" que se estreia esta semana e as anteriores são sensacionais.

Documentários

George Martin, o produtor dos Beatles diz: «Um produtor tem de ter tacto e saber lidar com um artista». No Odisseia, às quartas, Soundbreaking. Sobre música, mas sobretudo com os produtores que marcaram a história da música em diferentes áreas; Quincy Jones, George Martin, Jay-Z, Phil Spector, tantos outros.
No Netflix há uma série que é quase documentário e hei-de escrever mais detalhadamente sobre ela pois adorei a 1ª temporada. Chama-se "Chef`s Table". Mas é muito mais do que uma série sobre gastronomia, uma realização perfeita e atractiva, vários pontos do mundo com imagens maravilhosas. A ver.

Restaurante

Eu gosto muito da Camponesa em Santa Catarina. Excelente cozinha, quanto a vinhos deixem o dono recomendar e o ambiente é excelente. Não é barato, mas não é nenhum assalto ás carteiras e é bem ali no meio de tudo.

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2016

"2.59" de jornalismo de qualidade

Jornalismo bom e jornalismo moderno é o que o Expresso Diário laçou com o "2.59", o tempo em que um tema da actualidade é bem explicado por jornalistas credíveis. Aliando a informação, a notícia e a análise, ao vídeo, criando um conteúdo apetecível com interesse e de qualidade. Num tempo em que o jornalismo português passa por uma enorme crise, é de saudar este oásis. De parabéns o Pedro Santos Guerreiro e o Ricardo Costa, e naturalmente, o Expresso.

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2016

A revolução de Bernie Sanders e a Lady Macbeth

Em 2008, a juventude estava com Barack Obama. Em 2016 a juventude está com Bernie Sanders. Ele não é um candidato, é uma moda. É "cool" votar nele.

Bernie é o candidato mais improvável de todos. Antes das primárias, as pessoas já se esqueceram, ele aparecia com menos 60 por cento de apoio do que Hillary Clinton. Tem 74 anos, tem muitos anos de política, mas parece um tornado contra os grandes poderes americanos: Washington, Wall Street e os 1% dos milionários americanos.

Bernie fala em «socialismo» sem pudores - palavra diabolizada nos EUA há décadas -, menciona «revolução» sem medos - palavra assustadora na América - mas promete pôr os bancos e os ricos a pagar e a ajudar a classe média, como já foram ajudados por ela. Promete educação e saúde quase de borla para todos e não tem problemas em admitir mais impostos.

Quando o vejo, lembro-me do antigo ex-líder trabalhista inglês, Michael foot, que já me parecia fora de tempo naquela época. Mas ambos são genuínos, valor esse que os eleitores prezam na actualidade. Não sei se Bernie aguenta uma campanha longa, mas sei que já superou em doadores a campanha de Obama. E doadores de 20 e 50 dólares, isso dá um balanço e energia contagiantes, dá onda, dá como dizem os americanos o "momentum".

Sobre Hillary, há muitos anos atrás chamei-a de "Lady Macbeth". a mulher que encarnou a perfídia pelo poder escrita pelo autor que ao longo dos tempos melhor percebeu a natureza humana: Shakespeare. Hillary é uma mulher preparada, inteligente, mas gosta muito mais do poder do que o marido Bill, um grande presidente americano.

Hillary tem grandes características de liderança mas, apenas e só, as pessoas não gostam dela, melhor, não confiam nela. Hillary é a candidata que tem tudo para ganhar mas que nas estrelas está escrito que nunca será líder dos Estados Unidos. A derrota no New Hampshire é colossal, um estado onde tinha ganho a Obama em 2008.

Hillary, mesmo assim, tem estrutura, tem partido, tem Hollywood e notáveis com ela, mas Bernie tem paixão, está em ascensão e tem menor índice de rejeição. Será uma grande campanha até à Convenção Democrata.

PS: Sobre os Republicanos escrevo amanhã. Mas como "teaser" posso já dizer que considero muito mais temível para o mundo um fanatizado Ted Cruz que um especialista em "reality shows" como Donald Trump. Mas também será uma corrida sensacional de analisar.

terça-feira, 26 de janeiro de 2016

Amar Portugal

Com as presidenciais de domingo acaba um ciclo de actos eleitorais. Em Belém e São Bento estão dois novos protagonistas. Agora é tempo de trabalhar, de tentar tornar Portugal melhor, puxar o máximo por nós, credibilizar a vida política, tornar o nosso País mais optimista, dar-lhe outro rumo.

O que lhes peço, a Marcelo Rebelo de Sousa e a António Costa, é quase o mesmo que o grande realizador Ettore Scola, que partiu há uma semana, disse numa das suas últimas entrevistas, como conselho aos jovens realizadores italianos:

«Esqueçam a autobiografia, que é um bicho feio; amem a Itália, não poderão fazer bons filmes se não amarem a Itália». Eles não poderão ser bons políticos se não amarem Portugal. É o que lhes peço: amem Portugal.

sexta-feira, 22 de janeiro de 2016

A marmita de Marcelo

A três dias das presidenciais, só há um resultado possível: a vitória de Marcelo Rebelo de Sousa logo na primeira volta. Qualquer outro resultado é uma derrota colossal de um homem que não precisou de  fazer campanha e nada disse de importante ou essencial.

Marcelo, que dispara análises e comentários mais rápido do que a própria sombra, vestiu o papel de morto um mês e nem precisava de mais. É que teve uma campanha montada durante 15 anos em comentário no "prime-time" das televisões. Não há nenhum "case-study" da sua campanha, se o houver é apenas a prova que a televisão pode vender um sabonete e eleger um presidente como em tempos disse Emídio Rangel. Só que no caso, em vez da SIC foi a TVI onde passou mais de uma década a elogiar a manicure Clotilde e a fazer referências simpáticas a pessoas e a livros que nunca leu.

Marcelo é um homem inteligente, ninguém duvida, e a melhor prova é como enganou os portugueses construindo a imagem de tipo porreiro que tanto jeito lhe dava. Tal como encenou aos 50 anos que era do Braga, para não ter de dizer, que era do Sporting ou do Benfica para não hostilizar as massas do futebol, agora o seu grande facto é o mito de que almoça de uma marmita.

Os que foram alunos dele - é o meu caso - sabem que, para lá de ele ser um bom professor, ele conseguia chegar com uma hora de atraso às aulas a assobiar ou a cantarolar mas nunca o viram de marmita na mão, A marmita é apenas o seu dom de imbecilizar as pessoas que acreditam nesta tanga perversamente simpática. É um dom que ele tem. Tem a capacidade de ciciar como as serpentes para dar a mordida final.

Como escrevi uma vez, ele não é a simpática rã que dá boleia ao escorpião para atravessar o rio. Ele é o escorpião. Vestiu-se apenas de rã há 15 anos nas televisões e o povo comeu. Pobre povo.

segunda-feira, 18 de janeiro de 2016

A mulher de Sampaio da Nóvoa

Não conheço Sampaio da Nóvoa nem a mulher dele de lado nenhum. Não sou seu apoiante, nem de nenhum candidato, e estou-me marimbando para esta medíocre campanha eleitoral (deixo o meu "statement").

Mas há coisas que tenho pena que os portugueses engulam sem pensar. Que sejam manipulados sem perceber e odeio hipocrisias. Hoje, um dos temas do dia é se Sampaio da Nóvoa ainda está casado ou não. Como se isso interessasse ao país real, ao país que trabalha, ao país que estuda, ao país que lê. No entanto, nas redes sociais vai viva a partilha sobre este disparate que não interessa a ninguém e discute-se.

Ninguém percebe, enquanto contribui para o barulho, que ao mencionar o caso da mulher de Sampaio da Nóvoa passa mais uma semana e não aparece a primeira-dama de Marcelo Rebelo de Sousa. Por causa desta hipocrisia sou obrigado a perguntar:

1. Marcelo tem a mesma namorada, Rita, ou não?

2. Se sim, e a resposta deve ser sim, por que é que ainda a senhora não apareceu na campanha?

3. Não apareceu porque não o apoia?

4. Não apareceu porque está em casa a preparar-lhe a marmita?

5. Não apareceu porque está ainda a tratar de resolver o assunto dos espoliados do BES onde ela era cargo de topo?

6. Onde anda então a namorada de Marcelo, vive com ele?

Estas seis perguntas também não têm interesse nenhum, eu sei. mas acabem lá com a hipocrisia.

sexta-feira, 15 de janeiro de 2016

Portas e Assunção

O CDS deve muito a Paulo Portas. Um líder que sai pelo próprio pé, que deu tranquilidade ao partido, que o fez crescer e entrar no Governo. Um líder que era o mais inteligente e melhor comunicador da política portuguesa.

Cometeu erros? Claro que sim. Muitos? Bastantes. Mas passou pelos problemas como entre pingos da chuva. Deixou legado para o anedotário político? Também. O seu «irrevogável« entrou no léxico do humor, mas tenho a certeza, como o conheço, que usará essa palavra para seu próprio "spin" outras vezes e rirá muito com ela, porque ele é um tipo divertido e para lá daquela aura de "gravitas" que soube construir tem a capacidade, como qualquer pessoa inteligente, de rir de si próprio,

O seu futuro é o que ele quiser. É um homem novo, com curiosidade intelectual, que pode voltar a escrever - poucos o fazem com a sua clareza e capacidade de correr riscos - e ser o melhor analista da realidade portuguesa. Se as televisões forem competentes, ele é o melhor sucessor de Marcelo para as noites de domingo. E tenho a certeza que a sua mãe, a Helena, de quem muito gosto e com quem muito aprendi, ficará muito contente se ele seguir essa via.

Entra a Assunção Cristas. Logo no dia em que Portas anunciou a sua saída, escrevi no meu twitter que ela seria a mais forte candidata e neste momento a melhor sucessora. Esse é um dos legados que o CDS mais deve ao Paulo. É que ele robusteceu -  e descobriu muitos deles entre os quais ela - um partido de bons quadros, jovens, competentes e aguerridos politicamente.

Logo no início do mandato do Governo PSD/CDS, a revista "Meios & Publicidade" convidou-me para escrever sobre a comunicação do mesmo. Ali escrevi que Assunção Cristas era um bom produto de comunicação. E é e continuará a ser. Não a conheço pessoalmente, mas a minha percepção de muitos anos de jornalismo e comunicação política é que tem boa imagem, tem capacidade transversal de entrar em vários segmentos de eleitorado, tem o afã de liderar, naquele seu jeito de menina-mulher é um falcão com concupiscência pelo poder.

Vamos ver agora que discurso irá elaborar, rompendo suavemente com o PSD, ocupando rapidamente o espaço da mais dura das oposições a António Costa. Sendo conservadora, não pode ser beata, esse um dos seus pecados em algumas declarações que tem de mudar, tem de conquistar o eleitorado urbano, namorar a cultura e o eleitorado jovem, e ser uma produtora de soundbytes ao nível do seu antecessor, aí já será mais complicado, porque nesse capítulo Portas era imbatível.

São novos tempos. O CDS vai adaptar-se mais rapidamente a eles que o PSD. De Assunção Cristas falaremos muitas vezes. Mas de Paulo Portas também. Ele vai continuar por aí.

quarta-feira, 13 de janeiro de 2016

David Bowie antecipou impacto da internet

David Bowie era um criador e inovador e assim sendo estava atento aos movimentos do mundo. Aqui pode ver a entrevista à BBC. A peça é do Público.

terça-feira, 12 de janeiro de 2016

As versões que interessam

«Os nossos líderes não andam a liderar nada, e muito menos a contar-nos o que está a acontecer. É aí que eu entro. Conto às pessoas o que está a acontecer. O importante na nossa sociedade não é o que acontece mas quem conta o que acontece. Vamos deixar que sejam só os políticos a contá-lo? Seria um suicídio, um suicídio nacional. Não, não podemos confiar neles, não podemos ficar-nos pela sua versão»

Juan Gabriel Vásquez, "As Reputações", edição Alfaguara

quinta-feira, 7 de janeiro de 2016

A "transparência" da Câmara de Lisboa

A Câmara de Lisboa decidiu criar um grupo de trabalho denominado «Transparência» para propor melhorias na maneira de comunicar entre o município e os cidadãos.

Entendo que todas as iniciativas para melhorar a comunicação e dar-lhe maior transparência são sempre positivas. No caso, não envolve vereadores, apenas três técnicos (um deles, a Maria Louro, pessoa que conheço e prezo), que tentarão dar ideias para que a qualidade e a rapidez da informação esclareça cabalmente os munícipes.

Qual é o único senão desta iniciativa? É que nesse grupo de trabalho não está nenhum especialista em comunicação e assim falta a visão profissional de quem trabalha todos os dias e conhece o relacionamento dos meios (tradicionais e digitais) com empresas, pessoas e instituições.

É bom ouvir as ideias dos técnicos internos, falta é conhecer a visão de quem sabe o que faz e tem a perspectiva do munícipe/cidadão face à qualidade e transparência da informação oriunda da Câmara de Lisboa. A rever e ainda vão a tempo.

quarta-feira, 6 de janeiro de 2016

A internet e o embaraço da falsidade

Quem me conhece sabe que todos os dias recolho notas de histórias que me interessam. Algumas esqueço-as, outras, recupero-as. Há pouco tempo atrás, a revista do El Pais conseguiu uma coisa muito rara: uma entrevista com Prince.

Um dos maiores génios da música contemporânea, que nem os seus agentes sabem muito bem onde vive, que toca quando lhe apetece e opta pelo camaleonismo de vestir diversas peles e estilos, só tem por hábito aparecer na sua terra natal, Minneapolis, para ir criar para os seus estúdios, Paisley Park.

Nessa conversa corrida, Prince diz: «Todo a gente percebe quando alguém é negligente, e agora com internet é impossível que um redactor o seja, porque todos o apontariam. Agora é embaraçoso dizer algo falso. Convém-te dizer a verdade».

Esse é um dos lados, quando não raivoso e marcado pela justiça popular, positivos da internet. O escrutínio aumentou, o erro, mas sobretudo a falsidade, são difíceis de esconder. Mas ainda há quem tente enganar as pessoas. Nestas presidenciais em Portugal isso tem sido bem visível.

segunda-feira, 4 de janeiro de 2016

A miséria das presidenciais

É penoso o que está a acontecer nestas eleições presidenciais. É uma miséria, é uma vergonha, é uma imbecilidade, diria eu. Vasco Pulido Valente chamou-lhe ontem, no Público, «a galeria dos horrores».

Portugal tem mais de 40 anos de maturidade democrática, promoveu políticos e suas carreiras, gente com talento e outra com menos talento, e chegamos a 2016 com estas criaturas candidatas a Belém. Ainda mais, para quem tem memória, quando é escolhido um Presidente da República para um primeiro mandato, a carga de energia é maior e a capacidade de mobilização e empenho mexia com os portugueses.

Desta vez nada acontece. Os portugueses estão-se marimbando para estas presidenciais, as campanhas são medíocres, os debates são, para lá de uma chatice, absolutamente ridículos. E logo no dia 1 tivemos um espectáculo deprimente que deverá constar na história da política portuguesa: um debate entre Marcelo, Tino, um "orador motivacional" de óculos roxos e um candidato que se levantou e saiu do estúdio, uma anedota triste que corou de vergonha quem o viu.

Portugal é muito mais que esta pornochachada. Merecia muito mais, merecia melhor gente, merecia pelo menos uma ideia. Estas presidenciais são o grau zero da política, um convite à abstenção, um concurso de mister e miss nulidades. É um nada. Quarenta anos depois de Abril é triste.

PS: este é o meu primeiro texto de 2016 no meu blog. Desejo a todos os leitores um excelente 2016 e deixo o compromisso que tentarei escrever pelo menos um texto por dia por esta via, com a mesma liberdade que já vos habituei.