quarta-feira, 23 de setembro de 2015

Dignidade ou a carta final

João figueiredo foi o último presidente da ditadura brasileira. O que passou o poder para Tancredo Neves. Mas o homem de Belo Horizonte morreu e foi o seu vice, José Sarney, que se tornou o primeiro presidente da democracia brasileira.

Por achar Sarney um traidor, ele que sempre alinhou com o Arena (o partido da ditadura), João figueiredo não chegou a ler o discurso simples, digno, que tinha previsto realizar para uma transição tranquila e nem esteve presente na cerimónia. Passados estes 30 anos, a Veja reproduziu essas palavras depois de serem finalmente encontradas.

«Trago a consciência tranquila e o ânimo sereno de quem sabe que cumpriu o seu dever e saldou os compromissos assumidos consigo mesmo e com a Nação.

Senhor Tancredo Neves, é com satisfação que passo às suas mãos a Presidência da República. Está Vossa Excelência altamente credenciado para o cargo, por suas qualidades intelectuais e morais, seu equilíbrio, seu espírito público.

Conta Vossa Excelência com beneplácito popular. A minha simpatia o acompanha, com os votos do maior êxito na missão que o Brasil lhe confiou.

Presidente Tancredo Neves, confio em sua vontade de servir. Que Deus o ajude».

Uma saída simples, digna, pacífica, do último ditador brasileiro. Palavras sinceras para aqueles novos tempos. Por vezes sente-se a falta da "gravitas" na política actual, este é um bom exemplo de quem menos se esperava.  

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