terça-feira, 7 de abril de 2015

António Costa e Fernando Medina

«Por outro lado, escolhe outro número 2. Sai Manuel Salgado, um independente que lhe trouxe credibilidade no primeiro mandato, e entra Fernando Medina, 40 anos, PS, com experiência governativa. Para lá de Medina ser um nome a seguir para o futuro, o mais importante é que Costa não corre riscos. Não deixa como 2 o tal independente e mete um companheiro de partido, com perfil de seu sucessor e sem levantar problemas», escrevi estas linhas, neste blog, em 29 de Maio de 2013.

O que antevi nessa altura é que António Costa não corria o risco de deixar a Câmara de Lisboa nas mãos de um independente e criava um sucessor do PS já preparando o terreno para outros vôos. O que quis dizer também com isso é que Costa enganou os lisboetas que votaram nele quando no seu âmago já sentia o afã de avançar para outros desafios.

O que deixou Costa em Lisboa? De bom, para mim, o trabalho no Terreiro do Paço e Ribeira das Naus, a recuperação de quiosques, algum apoio ao empreendedorismo com a Start Up Lisboa e a independência que deu ao Turismo de Lisboa para promover bem a nossa cidade.

Mas deixou uma cidade suja, nunca esteve tão suja como agora, negócios imobiliários pouco claros (o triângulo de Alcântara para o grupo José de Mello e o prédio perto do Sheraton para o grupo Espírito Santo, são dois exemplos), criou um pandemónio no Cais do Sodré, trânsito caótico e deixou o Marquês e a Avenida da Liberdade de pantanas. Visão estratégica global da cidade não existiu e rasgos de génio nunca os vi, talvez porque sendo, sem dúvida, um político hábil lhe falta o perfil de presidente de câmara.

Agora, fica em Lisboa, sem plebiscito popular, Fernando Medina. Perfil baixo, discreto, sem uma ideia para a cidade. Aliás, Rui Moreira chamou-lhe «um grande portuense». É natural que não tenha paixão pela cidade como um lisboeta de gema, por isso aconselho que lhe comecem por explicar a diferença entre a Mouraria e a Madragoa, entre a Ameixoeira e o bairro do Arco do Cego. De resto, serão dois anos de Lisboa parada até que venha algo de bom.

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