quinta-feira, 31 de julho de 2014

O contraste no Banco de Portugal

A cada dia que passa, vemos bem a diferença e o contraste entre quem geria o Banco de Portugal. Carlos Costa desempenha o seu papel enquanto entidade supervisora, Vitor Constâncio fechou os olhos, fez que não viu nada. Um é bom, o outro foi medíocre.

A capa da Sábado com José Sócrates

Nenhum jornalista escreve por invenção. Escreve o que fontes credíveis lhe transmitem e após investigação e verificação das informações recebidas. A Sábado hoje avança com uma capa dura, agressiva, mencionando que José Sócrates está a ser investigado e pode ser detido por causa do caso Monte Branco.

Sócrates acusou a mesma de "mentira" e "canalhice". E a Justiça portuguesa desmentiu-a, mesmo antes de ela ser publicada. É um contra-ataque à credibilidade da revista que, pelo menos seguindo os dois visados, terá de procurar melhores fontes ou então revelá-las neste caso que é grave para a sua reputação.

quarta-feira, 16 de julho de 2014

A imprevisibilidade dos líderes

Um líder deve ser imprevisível. E num tabuleiro de xadrez não deve ter apenas uma saída, mas várias. Quanto menos se conhece o seu pensamento e aquilo que intrinsecamente o move, maior é a capacidade de enervar os adversários e ao mesmo tempo marcar o território e as decisões contrárias.

terça-feira, 15 de julho de 2014

O caloteiro que os media promoveram

Lorenzo Carvalho o ano passado surgiu em Portugal tipo paraquedista. Ninguém sabia quem era a criatura, no entanto, entrevistas, reportagens em toda a media, entre as quais a famosa do seu aniversário em que teve como convidada Pamela Anderson.

Surgiu tatuado, a pagar champanhes de 5 litros, contratou mulheres, seguranças, deu despesa, organizou mega festas e deu calotes. Vendeu que era milionário e o miserável povo português andou atrás e mais grave nenhum jornalista investigou de onde vinha o dinheiro ou se era apenas fogo-de-vista. São centenas de milhares de euros de dívidas, deixadas por um palerma que enganou outros tolos.

Num ano, dois casos risíveis: este e Baptista da Silva que aparecia em todo o lado como analista e convidado e, segundo a imprensa, era um burlão. Portugal é um País onde as suas gentes parece que gostam de ser enganadas e os media, em muitos casos, são coniventes. Este Lorenzo era uma fraude e tantas que andam por aí.

O musical de Clinton e a política como inspiração

Li ontem no jornal espanhol ABC que se estreia dia 18, no Festival de Teatro Musical de Nova York um espectáculo sobre Bill Clinton. Em breve também um outro musical sobre Hillary Clinton, «A Woman on top» se estreará.

Hoje a América olha para o casal Clinton de maneira positiva. Ele é o ex-presidente com uma taxa de popularidade e simpatia altíssima. Ela, é a mais aguardada candidata presidencial e em quem todos põem as fichas para suceder a Obama.

Mas o que importa realçar é que a indústria de conteúdos culturais americana continua a encarar a política e os seus protagonistas como uma fonte de inspiração. Grandes séries têm o seu dedo: "West Wing", "Boss", "House of Cards". Vários telefilmes da HBO também, como um notável de Jay Roach sobre Sarah Palin, papel interpretado por Julianne Moore.

A política é um exercício importante para a sociedade. Os seus protagonistas podem ser fascinantes. Tem faltado o carisma dos Clinton noutras latitudes para que a política seja mais atractiva e menos repugnante.

segunda-feira, 14 de julho de 2014

O meu Mundial

Para quem gosta de futebol o Brasil deu-nos um bom Mundial. Gastaram-se muitos milhões em estádios que não vão servir para nada, como aconteceu por cá no Euro 2004, mas quanto ao espectáculo em si, houve bons duelos, houve emoção, houve qualidade.

A Alemanha foi a justa vencedora, histórica porque é a primeira selecção europeia a ganhar um mundial nas Américas, uma máquina bem oleada, uma verdadeira equipa, com ideia de jogo precisa, bem preparada e que assenta numa aposta nacional na formação. A Bundesliga é hoje um dos melhores campeonatos do mundo, bem gerida, com estádios cheios e onde há verdade desportiva. Portugal, juntamente com Espanha e Itália, uma decepção.

Melhores jogadores do mundial: Arjen Robben e Manuel Neuer

Minha equipa: Neuer; Lahm, Vlaar, Hummels, Rojo; Mascherano, Herrera, Kroos; James, Robben, Muller.

Melhor treinador: Joachim Low (porque ganhou) e Jorge Luis Pinto (Costa Rica)

Jogadores que me deram prazer ver jogar (para lá dos escolhidos na minha equipa): Slimani, Enner Valencia, Pirlo, Varane, Shaqiri, Arevalo Rios, Keylor Navas,, Ochoa, Rafael Marquez, Blind, Manolas, Cuadrado, Alexis Sanchez

Jogadores sobrevalorizados: Balotelli (nunca será top) e David Luiz (talvez com os buracos que deu, percebam porque José Mourinho o pôs a médio durante toda a temporada no Chelsea).

Equipamentos que mais gostei: Argélia e Uruguai

sábado, 12 de julho de 2014

A Volta a Portugal que os portugueses não estão a gostar

Quem lê o título do post vai achar que eu vou escrever sobre uma modalidade que gosto muito, um evento que é líder de audiências e anima vários concelhos do País: a Volta a Portugal em Bicicleta.

Mas não. Este post é sobre a volta a Portugal que os dois candidatos a Primeiro-Ministro do PS andam a realizar. Nunca vi o PS tão extremado, tão balcanizado, tão violento, tão capaz de semear o ódio em vez de conseguir cativar as pessoas cansadas com o actual Governo.

As sondagens dizem tudo: os portugueses não estão a gostar do pobre espectáculo proporcionado por Seguro e Costa, essa é que é a conclusão a tirar dos números. O PS está a descredibilizar-se e a pôr mais lume na má imagem que a classe política tem na opinião pública. Esta volta a Portugal é deprimente e não traz gente para as estradas, não tem heróis do dia.

sexta-feira, 11 de julho de 2014

Fernando Ulrich: banqueiro, ex-jornalista ou abutre?

Fernando Ulrich é um banqueiro pouco convencional. Em vez do silêncio que é o código de honra dos grandes banqueiros, tem uma atracção ou vertigem do disparate quando tem um microfone à frente.

Para quem não sabe, Ulrich foi jornalista e acha assim que está preparado para dizer o que lhe apetece. Pois bem, como já expliquei no passado nem todos os jornalistas dão bons especialistas de comunicação, nem todos os consultores de comunicação dariam bons jornalistas.

Ulrich pelas suas diversas declarações desastradas, tem sido o campeão das crises reputacionais derivadas de erros de comunicação na banca portuguesa, o BPI já pagou várias vezes os seus erros. Quem não se lembra do «ai aguenta, aguenta»? Por isso, não é a melhor pessoa para analisar a comunicação dos outros, sobretudo em tempos difíceis por onde, aliás, o seu BPI já passou com enormes tempestades também, mas a memória é curta.

Ulrich, num momento difícil para a banca portuguesa tem o dever de recato, não contribuir para assustar sem razão as pessoas. O líder do BPI está a tempo de mostrar se quer ser um banqueiro, um ex-jornalista ou um simples abutre. 

Campeonato já começa mal

No domingo passado deu-se o início do campeonato de futebol com o sorteio do mesmo organizado pela Liga. Começou logo mal pois nem metade da sala estava cheia, mostrando o alheamento dos clubes para esta entidade envolta em casos polémicos e com um presidente que nem do seu condomínio seria eleito administrador.

Depois, um caso menor mas no mínimo ridículo: a escolha de Jorge Cadete para Provedor do adepto. Coisa que ninguém sabe que existia, nem o que realiza por sinal. Julgo que o próprio Cadete ainda hoje desconhece o papel que lhe cabe, apesar de ter aceite o lugar.

Hoje, como algumas pessoas do futebol já comentavam, temos conhecimento que não há patrocinadores nem orçamento. Algo que decorre da gestão bizarra, sem rei nem roque, sem resultados e colocando em causa o futuro financeiro da Liga como foi notório por altura da apresentação do último relatório e contas.

A continuar assim com este presidente, a Liga terá uma temporada demasiado agitada, o que não interessa nada para o futebol português que precisa de alguma tranquilidade.

quarta-feira, 9 de julho de 2014

Os homens do futebol e a comunicação

Muitos ex-jogadores de futebol costumam criticar que sejam outros intervenientes a fazer comentário e análise sobre o mesmo. Dizem que são eles os que mais sabem do fenómeno porque o praticaram, os outros são teóricos. Vamos agarrar nesta sua óptica de observação, apesar de eu entender que tal como o marketing é demasiado importante para ser deixados nas mãos dos marqueteiros, o futebol também não deve ser apenas entregue aos "futeboleiros".

Pois bem, ontem no rescaldo do Brasil-Alemanha, na Sport Tv, vi e ouvi dois homens do futebol que respeito, o Carlos Manuel e o Pedro Henriques, e ainda outro homem que não é do futebol mas acha que é poeta dele, Luis freitas Lobo, a comentarem e a analisarem a comunicação de Scolari.

Exacto, não analisavam só o plano de jogo e as tácticas, mas sim a conferência de imprensa do seleccionador brasileiro, a sua comunicação. Posto isto e na sequência do que os homens do futebol dizem sobre os outros no seu campo de actuação, cabe-me a mim agora perguntar: onde é que estes senhores trabalharam em comunicação para analisarem esta ciência que muitos amadores acham fácil e onde todos têm opinião que entendem certa? Onde é que trabalharam antes na área da comunicação para debitarem sobre a mesma? Pois é. A incongruência é como a mentira: é coxa.

terça-feira, 8 de julho de 2014

António Costa: a unanimidade é burra

Já dizia o Nelson Rodrigues que «toda a unanimidade é burra». António Costa tem os seus méritos, é um político astuto e tem o "killer instinct" dos líderes. Mas que obra tem para apresentar?

No Governo não me lembro de nada, na câmara de Loures imaginou a corrida de um burro com um carro de luxo, em Lisboa (tem algumas coisas positivas), mas há sete anos a comandar a cidade e nota-se uma ausência de visão estratégica da cidade, nunca a cidade esteve tão suja e mal cuidada, prostitui-se Lisboa a qualquer marca que pague uns tostões, o Marquês e Avenida da Liberdade são marcas de água de um disparate colossal, reabilitação urbana é zero, crateras por todo o lado.

No entanto, conseguiu ser ungido pela imprensa. Pessoa, na "Mensagem", escreveria que ele é o «nada que é tudo», como o fez a D. Sebastião. Ontem, 600 personalidades da Cultura decidiram apoiá-lo. os mesmos que já estiveram em todos os lados da barricada desde que cheirasse a poder, comendas e alvíssaras.

Esta unanimidade em torno de Costa é perniciosa e a sua responsabilidade torna-se maior. E o problema é que até agora nada disse de novo e duvido que tenha alguma receita de sucesso para o País. Porque primeiro gostava que Lisboa não continuasse à deriva.

segunda-feira, 7 de julho de 2014

O Portugal que faz rir

Dois exemplos do miserabilismo português, por certo os leitores terão dezenas de outros mais:

1- Li que dezenas de pessoas, hoje, em Belém, esperavam para ver os reis de Espanha. Tenho a certeza que nenhum espanhol teria interesse em ver um Rei português e muito menos um Presidente como Cavaco Silva.

2- De manhã uma reunião numa empresa. Demora na recepção que me estava a atrasar a reunião e eu gosto de chegar a horas. Ligo para com quem me ia encontrar e explico que estava lá em baixo mas a recepcionista nunca mais acabava os formalismos. Ao que a senhora, jovem, me interrompe e diz: «não sou recepcionista, sou assistente de marketing». Ao que respondo, «mas isto não é uma recepção e a senhora não trabalha aqui?». Ela: «sim, mas não sou recepcionista sou assistente de marketing».

Dois casos em que não é preciso humoristas para me fazerem rir e sintomáticos da pobreza de espírito e do Portugal das aparências.

quinta-feira, 3 de julho de 2014

A velocidade e a alma da Europa

Qualquer cidadão europeu não se sente ainda europeu. Primeiro, está a sua nacionalidade. O espaço europeu nunca foi encarado como um estado de pertença comum, apesar de todos os esforços de sedimentar essa ideia.

Países pequenos e periféricos como o nosso, olham a Europa como algo distante, controlada pela Alemanha, que nos manda uns dinheiros e pouco mais. Quando há crises ainda não se manifesta uma  resposta da UE, uma estratégia comunitária.

A Europa é um continente onde não há europeus, mas apenas cidadãos de cada vez mais países. A mudança de visão deste "statu quo" é uma das ideias de Itália que assume a presidência europeia no próximo semestre.

Ainda há poucos dias, o novo fenómeno da esquerda e líder italiano, Matteo Renzi, dizia que «a Europa de hoje é aborrecimento e não tem alma». Nunca a teve. Ele que se assume um homem da «geração Erasmus» defende que a base da criação e fortalecimento desta alma europeia é este programa que possibilita a estudantes continuarem a vida académica fora dos seus países de origem.

Renzi é um líder dinâmico, talvez o primeiro líder europeu da geração marcada pelas redes sociais. Tem vontade de andar, de construir coisas e a um ritmo acelerado.

Há exactamente duas semanas, o embaixador de Itália foi o orador convidado do International Club of Portugal. Perguntei-lhe se a «Europa estava preparada para o ritmo e dinamismo de Renzi». Ele respondeu: «julgo que nem Itália nem a Europa estão preparadas para o seu ritmo». Essa é a interrogação para o próximo semestre: conseguirá Renzi ser o motor dessa mudança e marcar a liderança europeia?

quarta-feira, 2 de julho de 2014

Sophia no Panteão

O Panteão Nacional deve ser para quem marca a sociedade portuguesa em diversas áreas. Os critérios, por vezes, são pouco compreensíveis, mas o que importa é que lá estejam quem dignifique a Pátria e a nossa língua que é o maior património da nossa cultura.

Sophia de Mello Breyner Andresen estar no Panteão é daquelas escolhas que não levanta ondas, porque é marcante. Porque como ela disse: "A cultura é cara, a incultura é mais cara ainda".

José Rodrigues dos Santos e Luis Freitas Lobo

José Rodrigues dos Santos é um bom pivot de informação, mas depois tem o lado de escritor. Vende imenso, o que é óptimo para o mercado editorial português. Constrói tramas com bom ritmo, mas quando quer ser poeta e entra em descrições de ambientes e quer fazer poesia é uma catástrofe e cai no ridículo.

Luis Freitas Lobo é um advogado que começou a escrever sobre futebol. Na minha opinião, ele conhece bem os jogadores e lê bem os jogos e as movimentações tácticas, mas tem a mania que quer ser poeta do futebol, uma espécie de Armando Nogueira português e estampa-se em lugares comuns e numa idiotice atroz que incomoda qualquer assinante da Sport Tv e estraga o grande espectáculo que tem sido este Mundial, e no jornal o Jogo (como no passado em A Bola) tem uma escrita gongórica e esdrúxula.

Esta gente ainda não percebeu o óbvio. A melhor escrita ou comentário é de granito, é simples, sem invenções. Poesias deixem-nas para os poetas.

terça-feira, 1 de julho de 2014

"Casa dos Segredos" e a ambição de ser visto

Mais um casting para milhares de pessoas, para uma nova edição da Casa dos Segredos. Um programa que expõe a boçalidade, o pior da sociedade, o parasitismo, o "voyeurismo", gente sem talento para nada que deseja apenas ser visto, ter 15 minutos de fama para ganhar um cachet de presença numa discoteca qualquer dos arrabaldes,

Um programa de pobres de espírito, mais grave, para muitos milhares de pobres de espírito. Parece que ser visto é a coisa mais importante das sociedades modernas. Num livro da Lisa Marklund, grande autora nórdica de policiais, "Lobo Vermelho" (edição Porto Editora), escreve-se assim:

- «Estar num reality show é como ser visto por Deus a toda a hora»
- «Quem é Deus então, a lente da câmara?»
- «Não, o público que assiste»

O problema é que estes "deuses" se divertem e ajudam a promover o que não interessa. Esta não é uma característica das sociedades modernas, é a sua doença.