quarta-feira, 30 de abril de 2014

A alavanca do PS

Quando o PS tenta uma onda de crescimento, como é o caso agora, há uma alavanca que surge sempre: Jorge Coelho. É a vitamina de vitória do PS. É uma alavanca de experiência, mas sobretudo uma alavanca moral de um homem querido pelo partido e que mobiliza as tropas.

sábado, 26 de abril de 2014

"True Detective" e a sua segunda temporada

Se há uma nova série que me surpreendeu e agradou no último ano foi "True Detective".´A trama boa, diálogos superiores, personagens e actores de eleição, fotografia fabulosa e ainda uma coisa muito importante e tão difícil de filmar: os silêncios.

Criada e escrita na totalidade por Nick Pizzolato e realizada sempre pela mesma equipa e realizador, coisa muito rara em séries de televisão. Mas vai haver segunda temporada, mas totalmente diversa de actores, paisagens e história, até porque 11 mihões de espectadores nos Estados Unidos tornou-a a série mais vista da HBO.

Pizzolato, numa notícia do El Pais desta semana, diz que quer mudar «as cores dominantes na paisagem, mas preservando a autenticidade e os silêncios». Especula-se agora que a nova trama poderá passar para a Califórnia e que podem surgir duplas como Winona Ryder/Elizabeth Moss, Idris Elba/Chiwetel Ejiofor, Anne Hathaway/ Michael C. Hall. E ainda mais forte Sandra Bullock e Brad Pitt.

As grandes séries são bem escritas, esta era excelente e espero que venham mais.

quinta-feira, 24 de abril de 2014

O fracasso de David Moyes

Ao pé de um gigante, um anão ainda parece mais pequeno. Sir Alex era um grande treinador, um genial condutor de homens e um mestre na comunicação e relações públicas. David Moyes não tinha força nem talento para o lugar e na comunicação era débil.

Recomendo a leitura deste texto do meu colega de sector, Carlos Martinho no PiaR, que faz reflexão magnífica também entre a imprensa digital e o papel associada ao tema.

terça-feira, 22 de abril de 2014

Sociedades que não respeitam as mulheres são atrasadas

Decorre o moroso processo eleitoral na Índia que confronta o Partido do Congresso, da família Nehru-Gandhi, ao BJP que pela primeira vez sairá vencedor, liderado por Narenda Modi. A Índia é um país fascinante, uma potência emergente, tecnologicamente pujante, mas aos olhos dos valores da sociedade ocidental completamente atrasado.

Os temas de campanha têm sido a economia e o papel da nação na esfera internacional. Mas o mais importante dos temas, a condição das mulheres, não agarrou a plateia por a Índia ser um país extremamente conservador em que o papel da mulher é desvalorizado e ignorado.

Rahul Gandhi, candidato do Partido do Congresso, ainda tentou meter o assunto na agenda, até para salvá-la: «Qual superpotência. Antes de falarmos em superpotência, temos que fazer com que as mulheres se sintam seguras num autocarro» (fonte Público).

Como menciona o jornal, as mulheres na Índia «são espancadas, violadas e assassinadas todos os dias. A violência de género é tratada como inevitável». Um miúdo de 8 anos chega a dizer: «todos os homens batem nas mulheres e um dia eu vou fazer o mesmo».

O Ocidente não é melhor que o Oriente, mas os seus valores de dignidade e respeito no tratamento das mulheres ainda não chegaram a muitos sítios no mundo. Países que não respeitam as mulheres, podem ser ricos, podem ter bombas atómicas, podem ser poderosos, mas nunca deixarão de ser atrasados.

sábado, 19 de abril de 2014

Os desmentidos dos ministros aos outros ministros

«Ministro da Economia diz que são "ficção" notícias sobre a criação de uma taxa para produtos alimentares nocivos à saúde. Hipótese tinha sido avançada por Maria Luís Albuquerque e Paulo Macedo», leio no Expresso.

Isto é habitual desde o início deste Governo, a evidência da descoordenação política e de comunicação entre eles. A ausência de afinação de uma orquestra onde as vozes se incomodam umas às outras, e criam o ruído que não dá confiança aos portugueses. Em bom português: organizem-se!

segunda-feira, 14 de abril de 2014

O candidato de Cavaco e 3 factos sobre o desejo de Barroso

O candidato a Belém preferido de ´Cavaco Silva é Durão Barroso. Sempre assim foi. A carreira do actual presidente da Comissão Europeia tem o selo da esfinge de Belém.

Começo como seu secretário de Estado da Cooperação, passou a ministro dos Negócios Estrangeiros, sempre sob os elogios do cavaquismo e da sua máquina de propaganda, era o seu delfim predilecto como se viu no congresso do Coliseu e não fernando Nogueira, a quem Cavaco "matou" em plena campanha eleitoral.

Cavaco ungiu Durão Barroso e agora pretende fazer o mesmo com as declarações que proferiu na semana passada, dando nota de que «Portugal muito deve a Durão Barroso». Além do mais, Cavaco nunca gostou nem confia em Marcelo Rebelo de Sousa nem Pedro Santana Lopes. Por isso, os sinais serão mais do que evidentes nos próximos tempos.

E também saltam à vista os sinais de que Durão Barroso quer ser candidato. Natural num político extremamente ambicioso, que construiu a sua vida com os princípios maoístas de conquista do poder. São eles:

1- Entrevista de relançamento da sua imagem no jornal mais influente do País, pretensamente afastando a ideia de que quer ser candidato, mas em que apenas se viu a ideia de que «agarrem-me, senão avanço». E ainda deixou um soundbyte que marcou a agenda política durante uma semana, numa suposta conversa de mentirosos sobre o BPN tida com Vitor Constâncio.

2- Cavaco lança-o e faz manchetes com a declaração de que «Portugal muito deve a Durão Barroso» e ainda se põem a circular os números do montante financeiro que a União Europeia deu a Portugal durante a sua miserável presidência da Europa.

3- E vai ter um jornal lançado com pompa e circunstância, em que os criadores são um seu ex-conselheiro e um conselheiro de Cavaco. Algo que sempre acontece quando há eleições presidenciais.

Na intenção de Cavaco e, sobretudo, na de Durão Barroso, há apenas dois erros de construção e que são o seu pecado original: 1- Nenhum português inteligente deseja a candidatura de Durão Barroso; 2- Roma não paga a traidores.

domingo, 13 de abril de 2014

Os princípios de Diego Simeone

- Prefiro jogar bem do que jogar bonito. Os jogos ganham-se com facas presas nos dentes

- Não negoceio o esforço nem tolero o conformismo

- Não basta os jogadores entenderem o técnico. O treinador também tem de entender os jogadores. A matriz do jogo não é minha, é deles, e eles não a traem

- Nas guerras, ao longo da história, não foram os melhores que ganharam, mas sim os que mais lutaram

- A minha filosofia é jogar jogo a jogo. Cada jogo, uma guerra. Depois, a próxima.

terça-feira, 8 de abril de 2014

Pedro Lomba perguntou, eu respondo

O secretário de Estado, Pedro Lomba, a propósito da morte do Manuel Forjaz e das reacções que lhe seguiram colocou no seu mural uma interessante reflexão, que transcrevo, e à qual dou a minha resposta/opinião.

«Havia uma coisa que eu gostava de tentar perceber. Tentar, porque não estou absolutamente certo. Perceber porque é que Manuel Forjaz encarnava um novo tipo de carisma desconhecido do passado, um carisma diferente das formas tradicionais de influência ou liderança. Perceber que a adesão das pessoas a esse carisma diz muito sobre aquilo que hoje somos. E perceber que Manuel Forjaz, representando o tal novo tipo de carisma, conseguia chegar a mais gente do que chega hoje um político», Pedro Lomba

Primeiro, o Manuel era um bom comunicador; segundo, estava envolvido e ajudou muitos jovens empreendedores e isso criou um lastro de simpatia; terceiro, e mais importante, divulgou a sua luta contra o cancro, não teve vergonha em se expor, servindo o seu caso de exemplo e de alento a quem passava por um combate que precisa de ser feroz contra algo para o qual os cientistas ainda não encontraram cura. Juntamos estes três factores e só eles contribuem para construir uma aura positiva e que chega facilmente às pessoas.

Por outro lado, também não era político e nunca teve nenhum escrutínio de liderança. Era mais um influenciador do que um líder, apesar de ter dezenas de milhares de seguidores. Essa ligação com as pessoas constrói-se com a persistência e confiança ao longo do tempo e com alguma proximidade.

Em contraste, «as tradicionais formas de liderança», os políticos, como diz Pedro Lomba, são analisados no sortilégio da acção concreta, são vigiados ao pormenor, têm de responder ao minuto por aquilo que dizem e fazem. Aparentemente, são mais decisivos nas nossas vidas, porém, o cansaço com a sua ausência de proximidade, a sensação de que muitas vezes desconhecem o país real, vai retirando carisma e uma aura de que um político precisa para chegar ao coração das pessoas. E o discurso que todos os dias se impõe, do «economês», que a maior parte das pessoas não compreende, cria ainda maiores barreiras e entropias.

E o mundo mudou, a internet trouxe a capacidade de cada um produzir conteúdos, de ser seguido e analisado pelo que diz e pelo que escreve. As lideranças mudaram, as comunidades de seguidores de pessoas que não aparecem nos media tradicionais, aumentaram. São estes os novos tempos e para novos tempos, novos profetas. Algo que muitos ainda não perceberam, sobretudo os políticos.

Mas ao contrário de muitos, considero a política essencial, uma actividade nobre que deve ser exercida pelos melhores ao serviço de todos. É mais difícil ser político hoje? É, sem dúvida. E os políticos que não se esqueçam que numa rede social perto de si, está um líder de opinião muito mais popular do que ele.

segunda-feira, 7 de abril de 2014

Valls de comunicação

Primeiro é engraçado de ver como em frança se entregam, sem complexos, dois dos cargos de maior poder a não nascidos nas suas terras. Manuel Valls, Catalunha, e Anne Hidalgo (a nova "maire" de Paris), da zona de Cádiz, ambos de Espanha, sinal de um país cada vez mais multicultural, apesar dos rancores e xenofobia escondidos numa segunda camada de pele.

Depois, como a esperança da esquerda gaulesa - já que Hollande tem taxas de aprovação baixíssimas e está enredado em problemas da sua vida pessoal - é um homem muito parecido com Nicolas Sarkozy na sua ambição, no seu lugar de origem, o Ministério do Interior, porque por ali se privilegia a percepção de autoridade e a capacidade de ser duro.

Manuel Valls é um homem de palco, popular e a sua escolha para Primeiro-Ministro tem tudo de manobra de comunicação, de spin da fraqueza de Hollande. Volta o fervor e a acção com objectivo da manchete à política francesa. Valls é um tipo interessante de acompanhar.