quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

A Calúnia e as verdades da imprensa

No início dos anos 80, Sydney Pollack realizou um filme, A Calúnia ("Absence of Malice"), com Paul Newman e Sally Field, que retratava os dilemas de uma jornalista depois de esta ter publicado uma história baseando-se num dossier convenientemente deixado à vista por uma fonte da investigação policial.

Para lá da sua manipulação pela investigação, a jornalista não contactou o visado, acreditando apenas num lado da possível notícia. Com isso, e com a manchete publicada, a vida do visado muda.

Primeiro, surge o advogado do jornal que esclarece a jornalista: «Senhora, se os jornais só publicassem a verdade, não dariam emprego a advogados». E acrescenta: «Não estou interessado em factos, mas na lei. A questão não é se a história é verdadeira ou não. A questão é que protecção temos, se se provar que é falsa».

Mas ainda mais interessante o diálogo entre a jornalista, Sally Field, e o personagem de reputação manchada pela notícia, interpretado por Paul Newman:

SF- «Se o ilibarem escreverei sobre isso»
PN- «Em que página? Se dizem que alguém é culpado, todos acreditam. Se dizem que é inocente, ninguém quer saber»
SF- «Não é culpa dos jornais, é das pessoas. Acreditam no que querem acreditar»
PN- «Quem põe os jornais nas ruas? Ninguém?»

Este magnífico filme, nestes diálogos mostra a responsabilidade da imprensa, o que pode publicar e o que não pode publicar sem comprovação. A verdade é só uma mas também é o que fazem dela. E a reputação é um dos valores mais sagrados das pessoas, isso é que não pode ser esquecido.

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