quinta-feira, 14 de novembro de 2013

O que Carrilho deveria ter feito

Como tive o cuidado de escrever aqui no blog sobre este mediático divórcio à vista de todos, «nem Bárbara Guimarães é a Madre Teresa de Calcutá, nem Manuel Maria Carrilho é Gandhi».

Não os conheço pessoalmente, mas confesso que não tenho nenhuma simpatia por Carrilho e considero-o um pusilânime. Passado este registo de interesses, fica a minha visão de como o ex-ministro da Cultura podia ganhar este caso em termos comunicacionais.

Em primeiro lugar, era difícil ganhar. Pois Carrilho não é uma personalidade simpática e gera bastantes anticorpos, logo, o resultado deste embate é que ele foi vítima de uma vingança da sociedade contra ele.

Bárbara Guimarães geriu bem a crise, emitiu um comunicado oficial e depois remeteu-se ao silêncio. Por seu lado, Carrilho num estado quase tresloucado foi vítima da sua incontinência verbal que o levou a dar entrevistas e a fazer declarações todos os dias e a todos os meios. Foi violenta a forma como expôs a mãe dos seus filhos e os avós deles.

Podia ter toda a razão do seu lado, pode ter perdido a calma por ter sido afastado do contacto com as crianças e também por outros factores que ainda não são conhecidos, mas irão ser, porém, a forma como se expôs e ligou a ventoinha fez com que toda a face negativa deste mediático divórcio fosse ele. Como é que ele podia ter ganho mediaticamente este combate?

Bastava ter negociado com os meios que falaria, mas sempre sem ser citado, aparecendo como "fonte próxima" ou "amigo de carrilho". Contaria possíveis problemas da ex-companheira, contaria o défice de atenção com os filhos, abordaria o tema de uma terceira pessoa (se for o caso) e relembrava como Bárbara robusteceu o seu perfil ao casar com ele, passando de cara bonita a mulher com interesses culturais.

Passaria a imagem de fragilizado, triste, indo à porta de sua casa para ver os filhos (como o fez) e uma semana depois dava uma entrevista emocional e emocionada ao CMTV a chorar, como deu. Seria o marido fragilizado, ultrapassado, bom pai, de quem as pessoas poderiam ter pena. Porque "everyone loves a scrappy underdog».

Carrilho perdeu o controlo emocional, não se aconselhou, limitou-se a ligar a ventoinha e mediaticamente foi aniquilado. Nas conversas que manteve com vários amigos do PS, e a quem contou as suas mágoas, contou toda a verdade. Parte dela ainda não é sabida, mas o tempo irá fazer as pessoas conhecerem o filme todo. Nem Bárbara Guimarães é a Madre Teresa de Calcutá e muito menos Carrilho é Gandhi. Mas ele perdeu esta batalha na comunicação.



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