quinta-feira, 21 de abril de 2011

A sondagem perigosa

Hoje, Económico e TSF avançam com sondagem que dá PS à frente do PSD. Uma recuperação de mais de dez pontos dos socialistas, uma queda da mesma ordem dos sociais-democratas. E pela primeira vez um Presidente da República com opiniões mais desfavoráveis.

Sondagens são tendências e já sabemos que os institutos de sondagens erram muito antes das eleições e só acertam na noite eleitoral. Geralmente os prejudicados são os mais pequenos, mormente o CDS.

Se já sabemos que o PS é um partido profissional na comunicação e marketing político, nesta altura ainda está a ser ajudado pelo desconhecimento que os portugueses têm da competência para enfrentar a crise por parte do PSD e do tal governo que «já está na cabeça» de Passos Coelho.

O PSD, basta falar com jornalistas da política, ontem falei com dois, tem cometido erros estratégicos e comunicacionais sucessivos. Para lá do PS ser um partido unido em torno do seu chefe, o PSD continua com uma série de egos à solta.

E noto, como observador, de um crescente afastamento de dois homens que estiveram sempre com Pedro Passos Coelho: António Nogueira Leite (ontem a elogiar a câmara do Porto, curioso) e Pedro Marques Lopes.

O PSD recorreu a uma marqueteira brasileira - que arrisca-se a ser um novo Hiram Pessoa de Mello, lembram-se do Mago? - que poderá ser o bode expiatório se as coisas correrem mal, mas o que é facto é que nem deve saber a diferença entre Coimbra e Faro, ou entre Sócrates e Portas. E as críticas aos seus assessores alastram-se gravemente (aliás, era interessante que saísse cá para fora as declarações de um deles sobre não perceber nada de política, o que é de facto ilustrativo do estado de coisas).

Mas esta sondagem é perigosa. Para o PS que pode com este resultado acentuar o voto útil contra os que rejeitam Sócrates no PSD; no PSD é perigosa porque retira confiança numa vitória que muitos julgavam certa, subestimando um «animal feroz» como é Sócrates; para o CDS, que continuo a achar que irá ter um magnífico resultado, mas que se preocupa com estes números (aliás, para desmistificar era interessnte que Paulo Portas fizesse sair a história da empresa de sondagens que trabalhava com ele na campanha de 2001 em Lisboa...). O que é certo é que só ouço pessoas a dizer que votam «no Paulo».

Para terminar, Cavaco Silva. É o primeiro Presidente com mais opiniões desfavoráveis. Prometeu magistratura activa, foi relegitimado recentemente, mas a esfinge de Belém remeteu-se ao silêncio, entrecortado de vez em quando pela sua tendência de querer parecer moderno e escrever umas coisas pela mão de um assessor qualquer no Facebook. há muito nervosismo em Belém, já o escrevi. Pois uma vitória do PS é um cartão vermelho para Cavaco.

2 comentários:

  1. Análise brilhante, a que só faltou juntar um elemento: pela primeira vez, vamos ter umas eleições legislativas para as quais os dois principais partidos apresentam como "programa" aquilo que o FMI tem para fazer no País. Por outras palavras, Não vai ganhar o programa do PSD nem o programa do PS; vai ganhar o programa do FMI. Donde, não há alternativa a Sócrates.
    Por outro lado, de facto, achei muito estranho que António Nogueira Leite, à entrada para o Conselho Nacional do PSD, tenha manifestado reservas à inclusão de Fernando Nobre nas listas. Uma brecha entre outras (designadamente o facto de os ex-líderes terem rejeitado candidatar-se, tendo isso sido notícia!), enquanto que, do outro lado, verifica-se a união em torno de Sócrates, como se viu no congresso de Matosinhos.
    Abraço!

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  2. os erros do PSD de Paassos Coelho:

    1- A política de comunicação;
    2 - As constantes aparições de Miguel Relvas, com chavões como a privatização da RTP;
    3- O afAstamento da cúpula do povo social democrata;
    4- O afastamento de gente credível como Nogueira Leite;
    5- O líder chegou ao poder do PSD pela não comparência de gente credível como Rui Rio;
    5- Passos Coelho apresenta constantes ziguezagues e cambalhotas sobre a CGD e outros assuntos;
    6- Notória falta de preparação;
    7- A escolha de Nobre como capa junto dos mais desfavorecidos - essa cantilena foi desmontada por António Capucho, entre outros militantes ilustres;
    8 - A escolha da marqueteira brasileira.


    Militante do PSD com as quotas em dia.

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