segunda-feira, 25 de abril de 2011

O essencial e o acessório na comunicação política do PSD

Já antevia uma coisa assim, como escrevi, e aconteceu. Seguindo os conselhos da marqueteira brasileira o PSD expôs a vida familiar do seu líder em demasia.

Uma capa, como foi a da Flash, e a coisa estava feita, mas toda a sobreexposição enjoa e pode ser uma arma de contra-ataque.

O que é acessório? A vida familiar de Pedro Passos Coelho.

O que é essencial? A governação do PS e José Sócrates.

O PS está a fazer spinning, a desviar o essencial para o acessório. A desviar as críticas gerais ao estado de coisas e os elevados índices de rejeição de Sócrates. Aproveita-se desta exposição familiar que muito pouco tem a ver com as características pessoais do líder do PSD e que tem sido vítima de má estratégia comunicacional e de uma profissional que não conhece bem Pedro Passos nem Portugal.

Se eu o conheço, e conheço bem, deve estar a ser penoso para ele estes passeios pela Baixa e as produções de cariz social. Mas faz porque o aconselham a fazer. Vai ter de dar um murro na mesa e fazer a política que sabe.

O que deve fazer o PSD? Centrar o discurso no ataque ao PS e aos indicadores do Governo. Reforçando os factores de rejeição de Sócrates e criando a esperança num novo Primeiro-Ministro e num novo Governo.

Os apoiantes do PSD criaram nas redes sociais o "autocolante" "Mudar". Mas se fizerem um "autocolante" a dizer "eu não quero mais Sócrates" serão muito mais eficazes.

É isto que especialistas em comunicação política portugueses diriam, porque conhecem o país onde vivem e o ânimo geral. É natural que uma marqueteira brasileira, que não é de primeira linha - dessa só Duda Mendonça, Nizan Guanaes ou João Santana, por sinal o último a actuar no Perú, com o próximo presidente - ande a apanhar bonés e será o bode expiatório que o PSD tem de imolar de imediato.

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