sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Gordon Gekko de volta

Ontem à noite fui ver o Wall Street vinte anos depois, agora intitulado "Money never Sleeps".

Adorei o primeiro há 20 anos e depois vi-o várias vezes. Muito por culpa de Michael Douglas que conseguiu criar uma das personagens mais marcantes da história do cinema, Gordon Gekko.

Nesse tempo o filme arrancava com o "Fly me to the moon" do Sinatra e terminava com os Talking Heads, com Buddy Fox a subir o tribunal. Respirava-se dinheiro, ambição, euforia, luxo, consumo, Gekko era um tubarão sem escrúpulos, letal, em que cada intervenção era uma lição para os "yuppies" dos anos 80.

Essa euforia era impossível de viver face ao estado de crise e à falência do sistema financeiro que abalroou todo o mundo e em particular os bancos americanos. O novo filme é marcado por essa história, logo o espírito é o de luta pela salvação em tempos de crise.

Enquanto há 20 anos se respirava ambição no filme, neste respira-se vingança: «como nos velhos tempos, destrói-se um homem por vingança». E o verde de que se fala mais não é o das notas de dólar, mas das empresas verdes de que sempre fala a personagem que é o sucedâneo de Buddy Fox.

Neste filme o verdadeiro Gordon Gekko só surge nos 30 minutos finais, e sente-se o gozo de Oliver Stone a mostrar a mudança de um Gekko que no início do filme aparece só, sem dinheiro, de cabelo em pé, a andar de metro, e a sua mudança para o charuto, os fatos de classe e o cabelo que volta a ter gel como o de há 20 anos.

Durante 90 minutos, o mau é Josh Brolin, outro tubarão, mas com muito menos classe e força do que o Gekko verdadeiro. E no meu entender é uma das falhas do filme. A galeria de personagens de Wall Street era brilhante: Douglas, Charlie Sheen (ainda aparece neste um minuto), Martin Sheen, terence Stamp, Daryl hannah, Sean Young, etc.

Para mim existe um erro de casting que é Shia Labouef ( o jovenzinho do último Indiana Jones e dos Transformers) que é muito menos fascinante que Buddy Fox, aliás há uma linha em que se diz algo «tu não pareces de Wall Street». E não parece mesmo.

20 anos depois, apesar de um momento genial à antiga, Gekko tem coração e regressa à família e tudo termina com beijinhos e convívio familiar. Stone quis deixar um sinal de esperança ao completar este díptico com 20 anos de intervalo.

A filha de Gekko diz-lhe num momento: «esse nome (Gekko) já não diz nada». Eu tenho a certeza que esta personagem é eterna. Só por isso Oliver Stone e Michael Douglas estariam de parabéns.

1 comentário:

  1. Veremos brevemente quem tem razão...
    Se a realidade, se o filme.

    rodrigoribeiro.adv@gmail.com

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